segunda-feira, 13 de junho de 2016
Pablito Cabeção, HUT, 09/06/2016
Faaala Diááário,
Cara tu não sabe o que aconteceu nessa segunda atuação! Estávamos eu e Neuza Camponesa passeando pelos corredores que de tão compridos e tão uniformes pareciam túneis que não tinham fim. Continuamos andando e percebendo que ao nosso redor começavam a surgir pessoas, várias pessoas, diversas pessoas. Cada uma com sua peculiaridade, com seu sorriso e com seu carisma. Uns tímidos, riam de canto de boca e tentavam ao máximo não se entregarem às emoções, outros com o sorriso escrachado, como se estivesse escrito em suas testas: Ei! Aqui! Estamos disponíveis ó!.
Quanto mais pessoas apareciam, mais o corredor ganhava vida, mais a energia subia a níveis estratosféricos, mais a imaginação aflorava e maior a ficava a vontade de pegar cada sorriso que a gente via, por mais singelo que fosse, e guardar numa caixinha (aquela caixinha mágica que fica a 4 dedos abaixo do umbigo e que guarda umas bolinhas bem especiais).
Passando por essas pessoas nos deparamos com Roquilene. "Que nome lindo!", disse Neuza logo que última letra do nome foi pronunciada. Neuza roubou minhas palavras antes de eu as pronunciar. No entanto, Roquilene guardava a sua beleza não apenas no nome, mas também no seu amor pela família. Eu me preenchia de felicidade quando ouvia "Estava falando com as minhas irmãs. Aff, quando elas ligam eu fico horas conversando. Querem saber como que eu tô.",ou então " Saudades muita eu tenho da minha pequena, da minha princesinha de vó, minha coisa mais linda do mundo". Isso era apenas uma parte do amor que ela tinha pela família.
O que me deixou maravilhado com Roquilene, por mais que não enxergasse as coisas, era o fato dela não ter perdido a boa visão que ela tinha da vida. Ela enxerga as coisas não da forma física, mas sim através da essência enraizada nelas. Já dizia o criador do sábio principezinho " O essencial é invisível aos olhos.". Mais uma vez as irmãs ligaram para Roquilene e mais uma vez a saudade se transformou em sorriso e alegria. Eu e Neuza continuamos nossa caminhada.
Logo mais, tinham um grupo de pessoas conversando entre si. Uma delas acenou para a gente e disse para as outras pessoas do grupo: Olha, eles ali que trazem alegria pra cá. No começo fiquei sem entender "como assim eu levava alegria pra lá, se quem tava se energizando com os sorrisos das pessoas era eu?". Fomos até o grupo tentar decifrar esse mistério. Me deparei com um senhor deitado de semblante simples que estava com a filha ao lado. "Ele não escuta" foi o que a filha nos disse antes de qualquer atitude nossa. Não teve outra, olhei bem nos olhos dele e fiz gestos com a mão que se traduziam em palavras como " O senhor é 10!". Ele respondeu à frase estendendo a mão. Dei um aperto de pão bem forte como se estivesse dizendo " Muito obrigado pelo aperto de mão e muito obrigado por me encontrar no olhar!". Nos afastamos do grupo com um sorriso do senhor( Painho) e mais uma vez me energizei com esse sentimento.
O 2º dia de viagem estava chegando ao fim e não podia deixar de refletir sobre tudo que havia vivenciado. Às vezes todos os nossos problemas parecem muito grandes a ponto de nos sentirmos impotentes de agir de qualquer forma, entretanto, aprendo com as pessoas que às vezes é melhor enxergarmos aquilo de melhor da vida, pois é isso que vai nos dar forças para enfrentar qualquer desafio.
Obrigado Roquilene! Obrigado Painho! Muito obrigado a todos que esbarrei nesse corredor que não é mais comprido e uniforme, mas colorido, cheio de vida e repleto de pessoas de bom coração e com muita garra!
Até a próxima viagem!
P.C.
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