segunda-feira, 20 de junho de 2016

Diário de Bordo, 18/06/2016, Jamaisvista de Listras

Caro diário,
Tenho tanta coisa pra te contar desse dia, mas ao mesmo tempo não quero contar nada, quero deixar guardadinho só pra mim..Enfim, vou ver o que fazer com esse sentimento dúbio.
Pra começar preciso dizer que o "trocar de roupa e maquiar" já foi impactante. Fiquei me perguntando depois desse dia: até onde quero saber sobre o que realmente está acontecendo no hospital antes de atuar. E descobri que não quero saber tanto. Tenho que para de peguntar...
Chegamos no 2º andar, numa linda manhã de sábado e nos deparamos com 5 policiais nos corredores. Na hora veio em minha cabeça "algo muito sério está acontecendo!"
Enquanto nos arrumávamos, uma enfermeira muito simpática conversava conosco e, com a minha boca grande, perguntei o que estava acontecendo. A resposta foi de tirar a máscara que nem tinha subido ainda: Tem um homem que matou a esposa e tem um outro que estuprou duas crianças!












Como continuar? Sem nem ter começado?!







Um turbilhão de pensamentos na minha mente, o que fazer?, como lidar?, julgar?, não julgar?, entrar e atuar? ou passar direto?






Tudo mudou, não vestimos a roupa como deveríamos, não nos maquiamos como de costume. Uma nuvem negra pairava sobre as nossas mentes e a única reação que consegui externar foi: olhos marejados, mas sempre mantendo o pensamento de "vai dar tudo certo".
Arrumamos, maquiamos, guardamos nossos objetos e fomos ao banheiro dos funcionários - ritual que sempre fazemos pra subir o nariz quando tem gente na sala de descanso dos enfermeiros. E, naquele momento Thais e Jay olharam pra mim se perguntando "o que vamos fazer?" - aí senti o verdadeiro peso de estar ali como monitora, de passar minha experiência, mas qual experiência? nunca passei por uma situação dessa -; de repente me veio em mente o que sempre faço quando estou nessa situação: ORAR!

~ Escrevo essas palavras me arrepiando com as lembranças do momento ~

SIM, subimos os nossos narizes com oração! Era só o que sabíamos fazer naquela hora.

E foi uma das melhores atuações da minha vida!

O que aconteceu? Se entramos? Se atuamos com esses presos?
Por que isso importa?
O que importa é o que sentimos, o que importa é que foi perfeito!




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