segunda-feira, 20 de junho de 2016

Bibi Oteca, HUT, 16/06/2016

Querido Diário de Bordo, 

Finalmente chegou a quinta-feira! Dessa vez nos encontramos um pouco mais cedo - e sem a presença ilustre de Feliponga Queixo Fino, que não pôde ir. No quartinho do segundo andar, como de costume, começou a magia. 


A noite foi cheia de quartos e cheia de encontros. Em um dos quartos, pediram-nos que as camas de hospital convencionais fossem trocadas por camas de casal: nesse "frio", disseram eles, dormir de conchinha é o melhor remédio. Também descobrimos que arrumar um amor é bem fácil, basta assoviar para quem se quer conquistar.

Depois encontramos um ambiente cheio de desafios. Dançamos forró, dançamos funk, fomos eletrocutados. Tudo foi capturado pelas câmeras dos celulares ali presentes (é difííícil ser famoso!).

Em outro quarto, silêncio. Entramos apenas para tirar uma foto, bem quietinhos, para não acordar ninguém.

Passando pela porta de um dos quartos, vi a tia de J. No entanto, J. não quis nos ver. Ela é sempre um encontro que eu espero ansiosamente, então a rejeição doeu bastante. Bom, faz parte! É direito dela não estar bem, não querer nos receber. Fiquei triste por não saber se a cirurgia dela foi feita, se a recuperação estava tranquila, se ela não estava mais chorando. Acenamos para a tia de J. e seguimos caminho.

No fim do corredor, havia uma reunião, a qual logo nos juntamos. "De onde são? Qual o nome de vocês? Esse não, o verdadeiro! Quantos anos? São namorados? Irmãos? Que curso fazem? Por que estão aqui?". Somos apenas Bibi, Raimundo e Txequinaudo, minha gente, acreditem! 

Foi nesse pequena reunião que conheci E. Ela tem apenas 31 anos, mas o marido sempre a chama de velha. 31 anos, três filhos. Teve que parar de estudar para cuidar das crianças, "porque é obrigação da mulher cuidar sozinha da casa e dos filhos, com a barriga no fogão", segundo o marido. Depois de ter filhos, para ele, a mulher não pode mais estudar. Não pode usar roupa curta. Não pode mais dançar. Foi muito doloroso conversar com E. Ela gosta de dançar, ela quer voltar a estudar, mas o marido não permite. 

Eu, Raimundo e Txequinaudo dialogamos bastante com E. Tem que estudar sim! Tem como! Ainda há tempo, não está velha não! "E as crianças?" O marido ajuda! Tem que estudar sim, tem que estudar sim, tem que estudar sim...! 

Sei que não mudamos a atual situação de E. Sei que existem bilhões de E.s espalhadas pelo mundo. Mas, quando deixamos aquela reunião de fim de corredor, E. estava decidida que, ano que vem, voltaria para os estudos. Talvez algo surja desse nosso encontro, talvez não. Mas E. dançou conosco e, para mim, isso já fez toda a diferença. Pode dançar sim. Tem que estudar sim.

Entre nossas conversas com E., nos reencontramos com o senhor J. e seu sobrinho, F. F cantou para nós, como de costume. Ah, como eu gosto dessa parte da noite. J. dançando ali na cama, os olhos brilhando, pedindo música após música para F.

Em nosso caminho de volta para o quartinho, encontramos um policial roqueiro com voz de radialista, que nos presenteou com o último jogo da noite. 

A atuação foi incrível. Cada visita fez com que eu me apaixonasse mais pelo projeto e pelos meus melhores companheiros do mundo.

Até a próxima atuação,
Bibi Oteca. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário