Dia 1 de junho de 2016: Não, não estava nervosa, não percebi que eu era a única monitora, eu era referencial, elas nunca haviam feito isto, que elas sim estavam nervosas, que elas não me conheciam (imagina ter que confiar em alguém estranho ?). Acho que só notei a real responsabilidade quando as vi, Priscila já havia visto na formação, de primeira já havia conquistado minha simpatia, mas e esta tal Mariana ? e quem era a minha xará? que roubou o meu sonhado apelido dentro da upi kkkkkkk, não a conhecia mas quando a vi já deu para notar o poço de delicadeza que era aquela moça.
De fato a responsabilidade caiu nos meus ombros quando uma das duas me perguntou:
- Marimar, quanto tempo de projeto ?
- dois anos- Eu respondi
- Que bom você é experiente !
Aquele experiente foi o peso que não havia notado em nenhum momento. Meu Deus vou ter que inicia-las neste mundo da palhaçaria, logo eu ? Ai vocês pensam...mas Mariana, você já não foi monitora ? Já, mas eu não era sozinha e sempre tinha alguém mais responsável que eu para dar aquele apoio e passar segurança. Enfim, segurei esta responsabilidade, e toda a minha experiência só me fez perceber que nada sei e que Mariana e Priscila tinham muito mais a me ensinar que eu a ensina-las.
Dia 2 de junho de 2016: Sai desta atuação me sentindo leve, coloquei na minha lista de atuações favoritas.
Lembro que me atrasei bastante neste dia , as meninas já estavam arrumadas e até com a energia baixa, eu cheguei quente, agoniada, apressada e de certa forma ajudou a entrar logo na vibe. Mari estava para baixo, Priscila estava mais para cima empolgadíssima com umas calças que uma das técnicas estavam vendendo. E assim fomos encarar aqueles corredores.
Destas três atuações já noto o perfil das meninas, observo que Priscila tem um jeito meio que parecido com o meu, um tanto mais tagarela e meio doidinha, já Mariana é a delicadeza em forma de pessoa, sempre coloca um jogo que envolve encontros, uma palavra de esperança, às vezes penso que ela meio que se perde no meu falatório e da Priscila kkkkkkkk.
Anabela (Mariana) resolveu colocar em prática um jogo que se parece muito com que a gente fazia na formação, de entregar bolinhas para os pacientes e tais bolinhas iriam ajuda-los a melhorar, muitos aceitaram, mas uma especial não aceitou, uma senhorinha de 82 anos, ao qual infelizmente não lembro o nome, ela sofreu um AVC e tava sem lembrar muito bem das coisas e a fala tava meio pesada, difícil mesmo de entender, este foi o momento mágico do dia. Porque tudo, absolutamente tudo poderia ter dado errado neste encontro e foi um dos encontros mais lindos que eu já presenciei.A principio a gente conversava coisas vazias, depois fomos nos aprofundando até chegar na época de moça, do pai sério, do namoro na porta, dos 6 filhos que ela sustentou com trabalho duro de costureira, do olhar emocionado de lembrar de um passado que estava mais vivo na sua vida que o presente. Depois de um jogo tranquilo, nos deparamos com pessoas que mais nos fizeram rir que deles da gente. Aprendi que homens médio tem coisas pequenas, que cassandra tá encalhada porque só encontrou homens de coisas pequenas (??) e que amor não tem idade. No quarto vizinho me deparo com uma senhora de sorriso largo e uma irmã destrambelhada que adora gasolina, mas que no fim das contas preferiu o moço da bicicleta (acho que ela ensinava para Cassandra, Testina e Anabela uma coisa e fazia outra coisa ).
Dia 3 de junho de 2016:Hoje !!!! Resolvi colocar tudo em dia, aproveitar que os detalhes ainda estão presentes.
Hoje não estava legal, não queria atuar, estava pesada, angustiada, com um peso no peito e eu nem sei explicar o porquê, queria desmarcar,não atuar, adiar, qualquer coisa menos atuar. Ainda bem que não o fiz! Porque novamente esta atuação para mim pareceu a melhor de todas ( minha listinha só cresce).
Parece algo estranho, mas eu estava bem, bem o suficiente para puxar Pri e Mari que também não estavam muito afim de atuar.
Encontramos em primeiro momento um monte de estagiária que não aguentaram com tanta beleza :P e pediram para tirar fotos com a gente.Graças a Deus muitos que a gente tinha atuado semanas passadas já haviam recebido alta, infelizmente Hércules ainda estava lá ( não falei, mas Hércules tá internado desde o dia que a gente atuou pela primeira vez) e não tinha ainda se decidido qual das três ele queria namorar.A mãe pelo menos interviu e disse que era para ele namorar a Testina, pobre Hércules. No quarto seguinte encontramos com Kátia, a moça do sorriso largo e que tinha uma irmã doida por gasolina, desta vez ela estava com o marido, que me apresentou o tal do Cacheado ?! Segundo ele o bairro é tão top que antes mesmo de morar não vai se ter nem mais a porta(não lembro qual era a frase, mas aprendi que no Cacheado não podemos vacilar). Conheci uma moça que nem paciente era, mas estava lá esbanjando beleza deitada na cama toda embrulhada mexendo no facebook e no whatsapp, disse que ia apresentar o filho dela à a Cassandra...( tô achando que é mais negócio para Cassandra ficar solteira e todas as vezes que for no HU arranjar um boy novo). Falando em boy quem se descompensou foi Anabela que viu o enfermeiro Gatinho ( sim, com letra maiúscula mesmo, porque até hoje ninguém sabe o nome deste cidadão) e encenou um desmaio, Testina e Cassandra carregaram ela, imploraram por socorro, mas o enfermeiro Gatinho nada de nos dar atenção, depois de muito protelar ele veio em socorro. Ainda bem que era tudo farsa, porque se fosse verdade...pobre Anabela. Falando nesta ( esta semana ela estava atiradíssima), quase casou! Até padre (Testina) teve... a escolha foi meio errada porque este padre...mais dava encima do noivo do que casava Anabela e o Marcos (me esqueci o nome dele, mas sei que ele gostava de Mario Guintana, Cassandra até tentou declamar uma poesia...) No fim das contas Anabela não quis Marcos, Cassandra roubou o noivo de Anabela e Testina foi escolhida pelo enfermeiro Gatinho. Ufa! Se não bastasse toda esta confusão a enfermeira chefe puxou os nossos ouvidos e pediu para fazer silêncio, quando vimos o corredor estava lotado, sorriso nos lábios de todos e valeu apena, muito apena. Obrigada de coração Mariana e Priscila, que estão me ensinando que existe mil formas de ser Clown, sair da mesmice é o que move a vida.
Mariana Martins
Aprendendo |
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