quinta-feira, 28 de maio de 2015

Magali Malagueta, HDM, 28/05/15

Olá, querido diário! A atuação de hoje foi intensa. A energia já estava alta antes mesmo de nos prepararmos pra subir o nariz, nada como boas risadas espontâneas ao lado dos melhores companheiros. Partimos pra mais uma aventura, indo em busca do “canto nenhum” pra onde duas mocinhas espertas estavam indo. 
No meio do caminho encontramos bonecas, daquelas que tem botão e choram e que precisam ser carregadas na tomada quando a bateria acaba, com seus donos, crianças grandes que chamam de pais; fomos convidados pra festas de aniversário, com bolo e balões; ganhamos uma viagem pra sobradinho, com direito a sorvete e a nadar no rio; fomos atrás das ex-futuras mulheres do Lindonildo, que não foram encontradas, dentre outras aventuras. 
O que falar do momento de comunicação entre Magali e aquela bonequinha tão pequena e doce nos braços do pai, com os dedinhos envoltos no meu e o olhar atento e vivo, era essa a nossa forma de conexão... Tudo em volta parecia longe, ela me cativou.

Mas não foi só de doçura que se fez a atuação. Já no fim, fomos convidados, quase arrastados para a oncologia por uma senhora que dizia “Ei, palhaços! Venham aqui distrair o bebê enquanto tiram o sangue dele... ele tem leucemia. Venham, distraiam ele.” Nossa, naquele momento a minha energia caiu bruscamente. Tive receio. As minhas experiências anteriores na oncologia não foram tão agradáveis, isso por que lá é um ambiente bastante delicado. Mas fomos mesmo assim, meus companheiros na frente e eu atrás, ainda um pouco relutante. Nosso papel foi mesmo o de distrair, enquanto a criança chorava durante o procedimento. Não me senti a vontade, me senti invadindo o espaço, tanto que saí da sala por uns momentos, peço-os perdão aos meus companheiros por isso. Mas voltei, e vi que aquilo estava, em parte, funcionando e sendo importante para a criança que engolia seu choro as vezes pra olhar atenta e curiosa praquelas quatro pessoas de nariz vermelho na sua frente. Ouvir um “queria vocês aqui todo dia” da enfermeira e um “muito obrigada!” dos pais me deixou um pouco mais tranqüila, e olhar aqueles lindos olhinhos ainda molhados de choro me fez pensar “valeu a pena!”. Foi uma experiência que incomodou e me fez refletir. 
A UPI tem me proporcionado coisas impagáveis. São nesses encontros que me coloco diante do outro disposto a ouvir o que ele tem a dizer, a sentir junto, a respeitar o espaço, a cuidar, a fazer rir, se possível. É a ressignificação do cuidado, é permitir a aproximação e entender que do nada há sempre um recurso e que o menos é mais quando se faz com amor. 

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