Diário de Bordo,
Ansiedade, nervosismo, responsabilidade. Deca Cajuína e
Hércules do Encanto, aqueles clowns que eu vi nascer, iam pela primeira vez
derramar sua alegria no Hospital de Traumas. Sim, eles já haviam atuado antes,
mas nunca no ambiente hospitalar, nunca em um ambiente como aquele. Coube a mim ajudá-los e coube a mim estar com
eles em um momento tão lindo. Palhaço pronto é palhaço morto, eu vivo
repetindo, e mesmo assim me vi planejando jogos e criando expectativas,
simplesmente porque queria que desse tudo certo. Mas não deu, inicialmente tivemos
problemas com a maquiagem e depois por falha minha um deles esqueceu a roupa. Subimos
os nossos narizes e meu coração veio na boca. E agora? Eles contam comigo. PALHAÇO
PRONTO É PALHAÇO MORTO, O Tamborete
gritou pra mim. SEJA CACHORRO E NÃO GATO, outro grito, BRILHA ESSE OLHAR. E
então já não era mais eu, Tamborete era meu sobrenome e Ramon era EU. Esqueci
nervosismo, ansiedade, esqueci responsabilidade, esqueci da maquiagem e esqueci
da roupa. Brinquei, joguei, BRINCAMOS, JOGAMOS. Vendemos cebolas que faziam
chorar de tanto rir, compramos goiabas mas depois não tínhamos dinheiro pra
pagar, conhecemos o Wolverine e o Superman, arrumamos uma casa pra ficar
durante o forró do sfrega, corremos de um cimento corrido, encontrei o olhar
mais lindo de uma senhorinha que insistia que tinha levada alta, fizemos uma
outra perder medo de pessoas de narizes lindos e vermelhos (que ela
insistentemente chamava de palhaços, sendo que eu não vi relação nenhuma entre
as duas coisas), mas o mais lindo pra mim foi estar pela primeira vez com os
meus dois melhores companheiros que confirmaram em mim a certeza de que PALHAÇO
PRONTO É PALHAÇO MORTO e de que eu devo simplesmente aproveitar o caminho.
Obrigado seus lindões.
Ramon del Tamborete,
04-08-2013
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