No domingo que antecedeu a atuação mal consegui
dormir, ansiosa demais, a todo momento ouvia a musica “durma medo meu” (Teatro
Mágico) na tentativa de acalmar o coração e me encher de coragem, quando
finalmente peguei no sono eis que sonho atuando, ai meu Deus é muita ansiedade.
Segunda-feira acordo cedo e lá vou eu esperar minha companheira que demorou um
pouquinho me deixando ainda mais ansiosa, chegando ao Hospital vamos direto
fazer o crachá e enfim partimos para um salãozinho nos aprontar. Bastidores, muita emoção, o ato de dar vida a
Olivia Traço Preto me enche de muitos sentimentos bons, me sinto humana, forte,
sensível, apesar de também ter medo.
Quando finalmente saímos daquilo salãozinho, surgiu
aquele temor “e agora José?” vamos embora ao encontro do outro, não sabia o que
iria encontrar, mas me deixei levar, senti dificuldades de me expressar, senti
medo de tocar no outro naquilo que mais lhe dói, me policiei. Encontramos mães
quase chorando por ter seu filho na UTI, senti vontade de abraça-la de
consola-la, encontramos mães que pediam “ faz aqui meu filho rir”, filho que
tava tão fragilizado que mesmo com todas as nossas tentativas não foi possível
arrancar um sorriso daquele rosto. Encontramos muitas crianças, mas uma delas
virou nossa guia turística, esta se alegrava de nos levar aos quartos, querendo
se vestir como nós e até que estivéssemos presentes no seu aniversário.
O Hospital é um lugar que sempre me comoveu, que
sempre despertou em mim inúmeros sentimentos: compaixão, raiva, medo. Um lugar
que aqueles que o procuram já estão tão fragilizados e muitas vezes não são acolhidos e cuidados como deveria de
fato, a importância se dá apenas a questões técnicas e a dimensão humana do
sujeito é deixada de lado. Pra mim foi um enorme prazer estar ali tentando
promover o lado muitas vezes esquecido das instituições, a humanização.
Companheiras, Pedrita Bombom, Carminha Linguicinha e
Juju Danoninho vocês são ótimas, as melhores do mundo , desejo que nossas
atuações sejam inundadas de muito amor, companheirismo, que essa nossa
trajetória seja de muito aprendizado, nos tornando cada dia pessoas melhores,
mais sensíveis e futuramente profissionais humanizados.
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