quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Olivia Traço Preto- 19/08/2013-Dom Malan

O dia que antecedeu a atuação foi de angustia, ficava me perguntando: será que vou conseguir? Tentava me convencer lembrando das palavras de Vits de que estávamos ali não necessariamente pra fazer o outro rir, mas pra ter um cuidado para com ela e esses cuidado podia se dá de diversas formas. Aí me tranquilizei, foi o que sempre quis fazer quando chegava aos hospitais e me deparava com tanto sofrimento e desumanização.
Acordei disposta, fui pegar ônibus e lá mesmo ia buscando energia, rindo de mim mesma, pois estava em pé no ônibus em grouding (conceito bioenergético que consiste em dobrar um pouco os joelhos) e quase dançando. Chegando ao hospital fui encontrando as companheiras e a mais nova do grupo - Amanda, tivemos um contratempo com a chave do salãozinho e fomos nos arrumar no banheiro. Prontas? Lá vamos nós, me sentia leve, disposta, disponível, adentramos aqueles corredores e fomos ao encontro e quantas encontros, quantos risos, os jogos fluiam bem, as crianças aderiam a eles, tiramos gente da cama e fomos andar no carro imaginário, fui hipnotizada, virei cachorro e gato.

Tudo fluía muito bem, até que em certo momento uma das funcionárias veio muito melancólica me dar a triste noticia de que o garotinho, aquele citado no diário, aquele que me preocupei por tá tão fragilizado e aquele que ri quando finalmente vi um sorriso do seu rosto quando falava como chupava a melancia, aquele garotinho havia falecido. Em estado de choque parei e fiquei olhando pra ela, pensei nas aulas de Silvia quando tanto debatemos sobre o tema morte, como encara-la? não foi fácil me deparar naquela situação e então quando abracei a funcionária descobri mais um motivo porque estava ali. Por um instante senti que cuidava de alguém, que por se humana e sentir a perda de alguém sofria e precisava desse cuidado, o simples gesto de abraça-la quando falava de sua tristeza por ter se apegado ao garoto.

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