Mariqueta Boabunda - HUT - 13/06/2014

                Depois de tanto atuar em praças e locais públicos, chegou o dia de fazer aquilo para o que, de fato, fui chamada para fazer: encontrar corações em quartos de um hospital. Ainda que já tenha subido o nariz algumas vezes, foi impossível não sentir um certo receio do que estava por vim, um medo sutil de falhar com alguém (o que é quase impossível de não acontecer).
                Entre tantas coisas que já fiz em meu curso, esta medicina classificada como uma profissão humana, nada foi mais gratificante nem bonito quanto o que eu fiz naquela noite. Não há nada mais gostoso que me despir de minhas tristezas, preocupações e aflições, para me vestir de cuidado, carinho e sorrisos. 

Não tem maquiagem que dê mais prazer de se fazer.

Pontinhos de cor e alegria no meio de tanto
cinza e tristeza

                Mariqueta fez muitas coisas: aprendeu a fazer pão, conversou um bocado com a senhora que cujo nome foi herdado por nossa cidade, dona Pedra Linda, conheceu várias pessoas que levaram tiros, fossem super-heróis, capitães, ou apenas uma senhora que estava vestida de alvo e atiraram nela por acidente. Mariqueta também foi ofendida! Falaram que sua roupa não era tão bonita assim, mas ela sabe que não se deve ouvir coisas ruins que em nada acrescentam. Em um dos quartos, Mariqueta encontrou uma senhora que não conseguia falar e, à principio, nem queria interagir com as palhacinhas. Porém, enquanto Rosinha das Alturas e Pedrita Bombom saiam do quarto, Mariqueta a encarou e fez uma careta. E ela encarou de volta, imitou a careta, e todas as outras caretas que se seguiram. Não deu outra! Era profissional em imitar caretas! E todos os acompanhantes fizeram caretas para que aquela mulher encantadora pudesse imitá-los. Foi o "meio sorriso" dela que me marcou profundamente. Foi saber que, apesar de ter tido um AVC recentemente, ela me deu uma chance. Foi saber ver  pequenos sinais de que eu estar ali fez alguma diferença.

A galerinha da terça haha 

                Ao chegar em casa, pude sentir, de verdade, o efeito do nariz vermelho sobre em mim: eu estava com o corpo pesado e a alma leve. Apesar  disso, logo após descer a máscara que menos esconde, senti todos os meus problemas e tristezas pesarem mais sobre os meus ombros. Porém, em meio a tantas tristezas, a tantas pessoas que acabam por nos fazer mal, é esperançoso ver que o bem pode surgir mesmo em ambientes tão inóspitos para esse sentimento como é o hospital. É bom para a nossa própria existência ver que essas coisas, de fato, existem: torna-se uma centelha de luz na escuridão. Não há nada mais bonito que ver seres humanos sendo humanos.

Ps1: clowns fazem as melhores selfied. Lupita linda!

Ps2: quero registrar aqui a minha felicidade por Layla insistir que não iamos atuar juntas e acabar no meu grupo. Bem feito. (!!!) 

Ps3: o ps2 me deixou tão feliz. :3

Somos palhaças juntas há 10 anos haha