Juazeiro- BA. 16 de maio
de 2014. Praça da Misericórdia.
No final da semana do
bebê, em Juazeiro, evento realizado pelo poder público do município
em parceria com a UNIVASF, com o tema: “Amamentação:
alimento, amor e proteção”, estivemos Wagner, Virgínia e eu e
eu, em uma saga que iniciou cedo: atuar na praça, em meio a
profissionais de saúde, mães, bebês, crianças crescidas,
transeuntes, etc.
Ao
final do dia anterior, soubemos que não haveria monitores conosco.
Tremi nas bases, confesso. Três criaturas recém-formadas, num
evento cheio e grande daquele, seguindo tão somente seus próprios
narizes, me deixou ansiosa- por três. Mas não havia muito o que
fazer e, já que nossos antecessores nos deixaram esta tarefa, fomos.
Me
dispus, desde a véspera, a ir buscar a maquiagem no Traumas e,
depois de conferida, fui ao encontro da galera na barquinha. Ouvir
milhares de vezes a pergunta sobre “se eu tinha ido, mesmo, pegar a
maquiagem”, dos meus companheiros, foi um tanto estranho e
considerei que eles estavam sinceramente preocupados com o andar das
coisas e querendo muito ir pra atuação também, em vez de eu ficar
pensando que estava sendo leviana e injustamente chamada de tonta
àquela hora da manhã. Não sabíamos, ao certo, o que fazer, qual
era a proposta no espaço e mil outras angústias. Mas, após
encontrarmos uma das organizadoras do dia, dar um jeito em nosso
visual e subir a energia, fomos ao encontro do que nos aguardava.
Os
encontros foram singulares e especiais. Os diálogos com os
transeuntes, também. Senti que me joguei mais e fui o que queria ser
ali. Inês Tamborete virou Inês Pitulito, de tanto doce que comeu
durante a caminhada no cenário... e proseou com crianças! Crianças,
um receio gigante e a surpresa grata do dia! G. é a criança mais
estilosa e doce que já encontrei até hoje. Passamos um tempão com
ela e sua mãe, que também era uma pessoa linda e carinhosa (“abraço
é tão bom, né, minha filha?”). Por vezes, sentia a energia
caindo um pouco, junto aos meus companheiros, mas creio que fiquei
junto a eles o máximo que a ocasião permitiu, conciliando os
momentos deles com os meus.
A
gostosura do dia: C., o bebê mais gordinho e sorridente do mundo, me
derretia com seu sorriso frouxo- Pedrinho Palito, babão, parecia um
pai com ele no colo! O ponto fraco do dia: uma certa pessoa, que não
conseguia compreender que
não estávamos ali pra fazer gracinha e “animar” a “plateia”.
Era alguém que carecia de trabalhar a sua escuta e o respeito ao
próximo, principalmente às crianças. Uma delas foi muito
constrangida por ele a se aproximar de nós. Ele não estava nos
ofendendo,
desconcertando ou algo assim, mas estava coagindo uma criança
receosa a se aproximar de nós, com a petulância de querer fazê-la
'''perder o medo''' que tinha de palhaços. Após o fim desta cena,
senti-me triste e um pouco incapaz, por não ter dado uns gritos
feito mais do que pedir para ele parar.
Deste
dia tão pacato e leve (a meu ver), tirei duas coisas: precisamos
conhecer-nos, a nós mesmos e ao nosso companheiro, saber entendê-lo
e buscar a sintonia, colocando o nosso afeto acima de tudo. E outra,
mais um questionamento que tenho trazido: como poderemos agir de
maneira que as pessoas possam entender que a UPI vai muitíssimo além
de palhaços fazendo graça, sendo que, dependendo do clown, nem isso
é? Ou o que posemos fazer quanto a deixar clara a nossa proposta,
que é a Humanização e o cuidado ao próximo? Conversar mais?
Divulgar mais o nosso trabalho? Fico com este pensamento hoje.
Até,
Dan
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