Demorei mais de uma semana pós-atuação pra vir aqui colocar meu diário.
Muita, muita coisa aconteceu. Ia escrever no dia mesmo, mas, além de ter ficado esgotada durante toda a tarde, tivemos uma reunião bem profunda a noite que me deixou sem vontade nenhuma de escrever o que eu tinha vivido pela manhã.
Não, não estou dando desculpas, hoje descobri o porque de tanta demora. Eu precisava de uma força motriz, um fato gerador que me impulsionasse a escrever essa primeira experiência. E esse fato veio hoje, de forma totalmente externa ao ambiente hospital e à UPI. Veio com alguns baques em outros campos da vida que me fizeram lembrar o quanto é bom subir aquele pontinho vermelho no nariz. E agora, sem mais delongas, estou aqui.
A noite anterior à 1ª atuação foi bem agitada! Diferente do dia do abraço grátis estava nervosa e um pouco apreensiva. Sem falar na ansiedade de voltar ao ambiente hospitalar, tão íntimo pra mim, mas que fazia tempo que não visitava.
Fiquei pensando a noite toda se devia ir ou não, se estava pronta... A cabeça cheia de dúvidas.
Mas aí fui, e fiz tantas mas tantas descobertas que se fosse contá-las todas não caberia nesse diário, sem falar que vocês perderiam a vontade de vir aqui depois dar uma olhada nas minhas futuras aventuras.
Chegamos, eu e minhas companheiras, e logo fomos nos preparar. Descobri que talvez eu acumule mais energia na minha caixinha, antes de explodir em Fiapinho, no silêncio e sozinha, minha cabeça continua falando alto demais e às vezes música ou prestar atenção nos outros me distraia muito. Enfim, subimos os narizes.
Saímos em busca do novo, o fato de não conhecer o local direitinho deixou tudo ainda mais emocionante.
Lá tinha muitas, muitas pessoas pequeninas, chorando e reclamando: não queriam tomar banho, descobrimos. Muitos não tinham nomes e fomos logo procurar os que tinham dois, fazendo a proposta para esses dividi-los com os que não tinham. Descobrimos que lá os meninos vestiam azul, as meninas rosa, e as vovós verde, mas de repente tinha um pequenino de verde, seria ele vovó também? Encontramos também aqueles que não queriam ser encontrados, mas Fiapinho nem se frustrou, deixava um sorriso e passava para o próximo quarto.
E assim fomos, conhecendo vovós, mamães, papais, e muitos pequenos que acabavam de conhecer o mundo, assim como nós, e que dormiam (preocupadíssimos com a Copa e os impostos) ou choravam pedindo Leito (lá tinha placas que diziam "leito", achamos que era uma nova forma de escrever "leite" :B ).
Haviam filas para o banho longas como as do INSS. Haviam moças com grandes barrigas que tinham engolido melancias, melões ou estavam com gases. Haviam moças com dor, mas que em meio a gemidos até que soltaram gargalhadas.
Haviam filas para o banho longas como as do INSS. Haviam moças com grandes barrigas que tinham engolido melancias, melões ou estavam com gases. Haviam moças com dor, mas que em meio a gemidos até que soltaram gargalhadas.
As pessoas que trabalham naquele lugar são bem legais e gostam de azul assim como Fiapinho e assim como eu. Inventaram de fazer prova conosco, faziam perguntas que respondíamos e depois nos davam 10! Fiapinho acertou todas! Uma senhora de azul tirou a pressão de uma moça que tinha engolido uma melancia e não queria devolver, mas resolvemos o problema!
A manhã já se estendia tanto que dali a pouco seria tarde, e um moço que nunca achamos nos chamou pra resolver um problema. Em meio a procura dele, encontrei pessoas que conhecem a AnaLu e fiquei com medo de como seria quando conhecessem Fiapinho, mas nós duas, ou eu, ou ela, conseguimos tirar de letra.
Voltamos ao começo, e baixamos o nariz. Realizadas e cansadas, conversamos sobre as nossas impressões. Achei bem legal essa parte, pois percebemos como cada uma de nós vê as coisas e os detalhes. E minhas companheiras foram exemplares! Voltei pra casa e dormi bastante (mesmo sem poder). E agora tô contando as horas pra voltar pra lá, tomara que não demore!
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