domingo, 15 de novembro de 2015

Bartolomeu Barbudo – Hospital Dom Malan – 14/11/2015



Depois de tantos meses sem andar nos corredores dos hospitais, eu, Bartolomeu, voltei ao lugar onde me sinto tão bem. Desta vez, tenho uma nova melhor companheira do mundo, a linda Cassandra Paçoca.

Eu estava receoso, ansioso. Não sabia mais ser palhaço. Fazia muito tempo que meu nariz estava guardadinho, quietinho. E tava confortável, tava sem querer sair do canto, como aquele cobertor tão gostoso que prende a gente na cama, que faz a gente barganhar por mais alguns minutos de sono.

Da mesma forma que na vida, a gente tem que levantar e fazer as coisas. O palhaço prepara o figurino e vai encontrar o público. E lá fui eu pro Dom Malan.

E chegando lá, teve aquela sensação boa de estar num ambiente que já conhecia. Falei com o pessoal da recepção, que lembraram de mim (fiquei feliz com isso). Encontrei minha companheira, vestimos nosso figurino e fomos ao encontro das pessoas.

Começamos nos misturando no meio das pessoas, afinal, somos palhaço e palhaça discretos, finíssimos, bem vestidos! Muito bom como nos portamos com toda a elegância extravagante que só o palhaço pode ter.

Fomos convidados para vários ambientes, passamos por vários setores. Na parte de ginecologia, vimos tantas pessoas com roupas brancas compridas, parecendo vestidos. Tanta elegância e padronização só podia significar que tava rolando um casamento no hospital e fomos procurar onde ia ser a recepção! Fomos atrás de bolo, de comida, e em um quarto ouvimos de uma mulher aquilo que motiva a gente a continuar no projeto: “vocês vindo aqui faz até a dor passar um pouco”. Ainda no setor de ginecologia, noutro quarto, nos pusemos a descobrir o significado dos nomes, os nossos e das pacientes e acompanhantes. Havia uma professora de português lá, e não pude deixar de me exibir, falando em etimologia das palavras, radical, sufixo, todo chique!

Na oncologia, desafio constante, encontramos um menino com muitos carrinhos, e brincamos muito juntos, Cassandra sempre disposta e puxando novas brincadeiras. Na sala do lado, fomos informados que uma senhora não poderia rir, porque ia sentir dor. Ah, mas a gente sabe ser sério. Bartolomeu, quando quer, é muito seriozíssimo, e Cassandra também.  Quando perguntaram do meu cinto largo e lindo, fomos contar a história: na verdade, eu sou campeão mundial do UFC. E contamos a trajetória: a alimentação (é coisa séria), o treinamento (é coisa séria), a entrevista no Fantástico (com o seríssimo William Bonner). Tinha um bebêzinho bem pequeno nesse quarto que estava dormindo e se mexendo, e começamos a fazer a interpretação dos sonhos: descobrimos que ele estava surfando, nadando na prancha, pensando no mar, no sol. Já tava em treinamento.

Foi uma atuação excelente. Ser palhaço é igual andar de bicicleta: a gente não esquece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário