Hello, querido diário de bordo!! Estou aqui para falar da atuação dessa quarta, que por sinal foi bem emocionante...
Duas coisas me marcaram muito... Primeiro andando pelos corredores do primeiro andar do HU percebíamos quantas pessoas já dormiam, mas ao passar por um quarto e ver um sorriso muito simpatizante percebi que alguém ali ainda estava alerta e sorridente. Era dona Maria Auxiliadora, senhora fofa e carismática. Me senti tão bem recebida, as conversas e brincadeiras fizeram com que eu percebesse que existem pessoas que valorizam o nosso papel ale dentro.
Ao sair daquele quarto, ainda pelos corredores procurávamos amigos, pacientes, acompanhantes, profissionais... eles são a nossa busca!!
Então, mais um pouco dali entramos em um quarto que eu não esperava vivenciar tal fato. A princípio não percebemos uma paciente no canto toda enrolada, até pensei que ela dormia. Mas não, não dormia. O que será dormir para a situação que se encontrava Joana Dark?? Dormir?? Ela dizia que não dormia mais... pois é!! Ali começava uma longa conversa que me poupe de detalhes aqui. Mas, o que posso dizer é que aquela moça de 30 anos estava com cirrose e hepatite c, deitada naquela cama sem acompanhante... Ela é alcoólatra e por isso ninguém quis ir ficar com ela. Nessa hora meu coração doeu muito. Segurei o choro. Respirei. Respirei. Respirei. Perdi a energia que havia tirado de 4 dedos abaixo do umbigo. - Ai meu Deus!(pensava eu)... cadê minha energia? ela precisa de você!!
Então senti que a energia voltava pois havia uma alerta de precisão, e eu não podia ficar atônita nisso.
Olhei com carinho para aquela moça dos olhos amarelados que respirava com dificuldade e pelo seu olhar me pedia um pouco de atenção. Pisquei e então continuei a conversa... Conversa difícil mas de muito aprendizado. Chamo de aprendizado do silêncio. Isso, do silêncio, do olhar.
Assim que acabei a atuação, sai do hospital reflexiva. Pensei: Poxa, deixei o que tinha de melhor com ela, espero que sim... E trouxe uma valiosa reflexão para a vida. :)
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