segunda-feira, 21 de maio de 2012

Teca Lua Cheia - Luta Antimanicomial


“ Chegou a hora de apagar a velinha
Vamos aguardar aquela comidinha
Parabéns pra você
Parabéns pra você “
E é assim que eu começo meu diário de bordo de hoje. Essa foi uma das músicas que o Sr. W. cantou hoje durante a nossa intervenção. E, meu Deus, que coisa mais linda! Que momento mágico, que presente. Hoje meu dia foi recheado de vários seus e inúmeras donas: Seu W., seu A., dona E., mais uma dona E., dentre muitos outros. Até uma cantora eu conheci hoje!! Acreditam? Pois é... Conheci pessoas incríveis e de uma força admirável. Pessoas que lutam diariamente contra o preconceito e contra a dificuldade que é enfrentar o sistema social doente do nosso país. Fiquei muito feliz em participar dessa luta e me juntar a essa causa tão especial.
Hoje eu pude presenciar o que realmente quer dizer cativar. Hoje me cativaram com olhares doces e admirados e sorrisos verdadeiros. Me trazia uma felicidade imensa ver todas aquelas pessoas interagindo conosco, comprando o nosso jogo, nos aceitando de uma maneira tão carinhosa. Foram tantos abraços, tantos sorrisos, tantas brincadeiras, danças, cantoria, batuque de pandeiro, de tambor, rodas de dança, carreira atrás do carro de som, gritos de alegria! E foi assim que nós fomos seguindo rumo ao bambuzinho. E foi durante esse trajeto que coisas mágicas aconteceram. Desde gargalhadas gostosas ao choro sincero de uma das minhas donas de hoje. Choro que revelava um peso gigantesco e uma agonia sem fim. Peso que ela carrega diariamente, uma vez que o seu companheiro “tem preconceito contra mim, porque eu sou do CAPS”, palavras da minha dona querida. Enquanto nós segurávamos uma faixa, ela me pediu pra que fosse conversar com o marido dela e pedir que ele nos acompanhasse e parasse de ter preconceito contra ela, porque era uma coisa que a fazia muito triste. Fui então conhecer o companheiro dela e o convidei para nossa grande festa que estava prestes a acontecer. Eu disse que seria uma festa muito bonita, com música, dança e muita cantoria. No início ele disse que não iria, porque ia pra casa assistir o jornal na televisão e eu disse a ele que nós é que estaríamos na televisão (HOHO), mesmo assim ele não quis ir. Ok, segui caminho com a minha dona e quando nós olhamos pra trás, adivinhem só quem estava nos acompanhando? Sim, ele mesmo! O companheiro da minha dona. Imaginem a minha felicidade ao ver aquilo! Fiquei toda boba... Enfim, vamos continuar a nossa caminhada que ainda é longa até o bambuzinho. Depois dela conheci os meus seus. E quantos seus! Quantos sorrisos acolhedores e quanta vontade vinham deles. Eles, que seguravam cartazes e seguiam cantando a alto e bom som frases do tipo: loucos por direito, liberdade e respeito. Dentre muitas outras. Participamos de uma cantoria com direito a OLELÊ OLALÁ, entoados por diferentes pessoas e em diferentes timbres! Pensem aí que luxo!!! Seu W. estava fantástico! Fomos de braços dados dançando uma espécie de quadrilha uma parte do percurso, foi incrível. Paramos um pouquinho quando ele reclamou que estava com as pernas cansadas, mas ele logo se animou de novo e voltou a dançar comigo, um fofo! Foi ele quem cantou essa cantiga do início do diário, o parabéns a você todo especial e que é só dele! Rsrsrs. Ah, encontrei também uma cantora super alto astral que dança o tchu tchá como ninguém! Terminei a minha noite indo deixar o seu W. no ponto de ônibus, pois ele disse que precisava ir pra casa, porque a mãe dele já devia estar preocupada com ele. Digam aí se não é pra se apaixonar com tamanha fofura!!!
 O dia de hoje foi um presente pra mim.


Teca Lua Cheia 

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