terça-feira, 8 de maio de 2012

Dia do abraço

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Diário de Bordo da Xena Macaxeira
Sábado, 28 de abril de 2012 - Dia de Abraços grátis
Senti muita vergonha ao sair na rua. Sim, parecia que eu havia esquecido tudo o quê tinhamos feito nas oficinas de formação de Clows. Mesmo após o processo de “entrada” no clown, me desesperei um pouco ao sair em público.  No início fiquei rindo porque tudo era muito engraçado, mesmo eu estando com vergonha, então me detive a rir enquanto observava os outros e abraçar as pessoas que os outros abraçavam. Acho que alguns companheiros notaram minha timidez e se dispuseram a levantar meu olhar ou colocar-me em companhia daqueles que já estavam mais “no clima”.
Aos poucos fui entrando no jogo, afinal, eu não caminhei no centro de Petrolina, bem no horário do sol a pino no dia anterior procurando trajes mais confortáveis e arrojados para o meu clown à toa, eu tinha que estar lindona e arrasando! Comecei então a tomar minhas próprias atitudes. A chegar junto da galera mesmo. Notei que vários adultos foram mais receptivos que algumas crianças. Na verdade, mais crianças do que imaginei demonstraram medo de nós... Mas mesmo assim, fiquei muito feliz quando uma criança me cutucou e me pediu um abraço, logo quando comecei a entrar no clima, pra entrar de vez foi o suficiente.
Só faltava agora a presença de uma pessoa para deixar minha alegria mais completa: o namorado da Jéssica Lorena, que deu uma passadinha lá pra ver como estava tudo, e mesmo ele dizendo que a roupa da Xena Macaxeira estava horrorosa e que ela parecia uma mendiga, isso foi o sinal que a roupa estava ótima!
Daí em diante foi só alegria, alguns não nos davam nem intimidade, mas esses foram poucos. A maioria cedia após um pequeno empurrãozinho, que nesse caso era abrir os braços após mostrar a placa. Muito bom dar abraços. É muito interessante ver gente que eu sempre vejo, mas nunca reparo me dando abraços, e muitos fazendo questão de dar o abraço. Eu tinha que ver umas coisas numas lojas de utilidades para o lar, outra não sei aonde... Dava vontade de ir daquele jeito pra ser bem recebida assim! Mas tem que ter foco né?  ”Trabalho” é “trabalho”. Não sei como vou entrar nesses estabelecimentos de novo e fazer de conta que não conheço algumas pessoas, dá vontade de falar “Oi, lembra de mim?”, mas também não acho legal  porque a Xena Macaxeira é a Xena Macaxeira e a Jéssica Lorena é a Jéssica Lorena.
Um dos momentos que mais me diverti foi quando avistei dois policiais batendo um papinho maroto na porta de uma loja, não resisti e saí  correndo pela rua, atravessando-a sem nem olhar, desembainhando minha espada e batendo continência com a outra mão. Não sabia como seria a reação deles, mas foi 12813787374 de vezes melhor do que eu esperava! Fui recebida com “É do abraço é? Vem cá!” E assim como nas palavras dele não senti maldade alguma, não senti nas palavras de outros, mesmo quando me disseram que eu era “muito lindinha” ou “uma morena alguma coisa que não lembro”.  Pensei que o “assédio” seria maior porque tem uns caras na rua que são muito chatos, imagina várias palhacinhas oferecendo abraço?! Mas não senti nada disso! Fiquei com receio de oferecer abraços no Ponto dos mototaxistas, mas também foi tranquilo!
Fiquei sentida por não poder ir até a loja onde comprei os tecidos da minha fantasia. A moça foi muito simpática, me ajudou a escolher tudo e pediu que eu fosse lá dar meu abraço a ela. Mas a loja não estava na rota que seguimos e, infelizmente, não foi possível.
Bom, acho que por enquanto é só isso!
Beijos

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