Querido diário de
Bordo,
Meu lindo, quanto tempo que não relato nada. Pois é, ficamos fazendo apenas algumas reuniões por um tempo. Mas, finalmente, nossas atividades começaram! A oficina foi linda, o batismo foi muito legal, mas nada se compara a atuação. Que medo! Que dificuldade! Parece-me que atuar vai se mais difícil que sugar a energia do meu antigo corpo cansado e com bolhas para não diminuir a energia do grupo. Sim, parece-me. Porque, na verdade, não considerei esse sábado como uma verdadeira atuação. Não considerei porque acredito que entrei no jogo errado. Ok, ok.. sair abraçando todos na rua foi muuuuuito bom, muito divertido e acredito que todos que foram abordados também gostaram. Mais tarde, quando saí com trajes normais e sem a máscara, fiquei com vontade de continuar abraçando todos que passavam por mim. Eu mesma fiquei eufórica, fiquei muito animada naquela manhã, e foi até complicado abaixar a máscara porque eu não queria, absolutamente, tirá-la. Queria ser clown e abraçar todos eternamente. Mesmo assim, não considerei sábado uma boa atuação, nem uma boa preparação para os hospitais porque continuo acreditando que entrei no jogo errado.
Abracei
todos sem parar, porque me perdi do grupo por um tempo e fiquei sozinha
abordando todos que passavam. Quando encontrei o grupo, percebi que meus
companheiros estavam interagindo com as pessoas, não só abraçado. Logo que
percebi isso fiquei bastante triste, porque caiu a ficha que atuar nos
hospitais não é apenas sair abraçando, mas sim interagir, reconhecer o outro.
Provas de que eu não reconheci o outro foram as 3 vezes que eu abracei a mesma
pessoa sem perceber que já havia estado com ela. Wagner disse que isso é normal
e tudo mais, mas isso não retira a jornalada que eu mereço por não ter
realmente treinado o que eu tanto admirei na oficina de iniciação, o
reconhecimento. O único momento no qual eu senti que estava no jogo de verdade,
foi quando dois menininhos, ao me avistarem, saíram correndo. Entrei no jogo e
fui correndo atrás porque percebi que era isso que eles queriam. Mas foi só
esse. Até quase voltei a ser Dayane, enquanto Marilinha, quando algumas pessoas
perguntavam coisas do gênero: o que é isso? Hoje é dia do abraço? Vocês são da
Univasf? E eu respondi que fazia medicina mesmo e que não haveria recesso nesse
feriado. Bah!! Não sabia o que falar! Marilinha perdeu completamente a voz
nessas horas. Aliás, acho que Marilinha não sabe falar direito ainda, é muito
bebezinho!
Por
isso é que estou tão apreensiva para a próxima e verdadeira atuação. Não
aceleremos o tempo, claro, mais vale o caminho do que a chegada. Mas realmente
estou com medo de não entrar no jogo. Sinceramente, estou evitando pensar em
terça (terça meu grupo irá atuar no Traumas). Vamos ver o que vai rolar no
próximo diário, não é?!
Beijos,
meu querido,
Dayane (vulgo Marilinha Leite Quente).
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