sábado, 29 de junho de 2019

Pipoca Bolota🍿, HUT 1° andar, 27/06/19

Você já conseguiu mergulhar em si mesmo? 
Algum dia você se sentiu estar plenamente em contato com aquela criança que era quando tinha 3 ou 4 anos?
Você já conseguiu transparecer o seu eu interior a ponto de se perder sobre o que é ser inteiro ou metade?

***
No dia 27 de junho de 2019, Pipoca Bolota se perdeu sobre o que era ser ele ou sobre o que era ser a pessoa que estava por trás de tudo aquilo.
Num jogo de adivinhação de nomes, um chute certeiro de uma  pessoa incrível planou sobre os nossos ouvidos, no meu, no de Julie Tule, Juju Bubaloo e Berta Testa. 
Pipoca perguntou: -"então, qual você acha que é o meu nome?"
Ela decisivamente me respondeu em alto e bom tom: - "você tem cara de RICARDO!"
Todos se entreolharam, franzindo suas sobrancelhas e questionando-se sobre como poderia ter sido tão incisiva em sua resposta sem ao menos nunca ter visto Pipoca sequer uma vez por outros caminhos.
Pipoca - confuso - entendeu que emergiu e fundiu o seu ser inteiro com seu ser metade.
O seu ser metade -  obviamente o falho, o orgulhoso e o brigão, se uniu ao ser inteiro: o pleno, o livre, o feliz, o que sabe ser quem é e não se importa com nenhum, o que sabe tirar proveito até de situações constrangedoras como assédios, homofobia e brincadeiras sem graça. 
O ser metade havia de aprender muito sobre o que era ser inteiro, sobre o que era ser livre e feliz, sobre o que é poder ouvir coisas horríveis de pessoas que acreditam e impõem rótulos a você (até que seja sem querer ou com frases iniciais como "na minha opinião" ou "eu sinto muito, mas" ) e transformar estes espinhos em rosas vermelhas e cheirosas.
A cada dia o ser metade engloba mais o que é ser inteiro, riscando pessoas que te trazem infelicidades, que te puxam pra trás, riscando preconceitos próprios que estão firmemente enraizados a sua própria carne e ossos.
A única coisa que eu espero hoje de você, é se você está conseguindo ser inteiro. 
Se não estiver, não se preocupe, o devir é a vida como um processo de mudança constante, de construção constante. 
E por isso, para te provar como tudo é construção e mudança, deixo aqui uma poesia sobre ser o que se é, sobre construir isso aos poucos, sobre andar pela estrada, sobre vencer o mal e o bem para, então, emergir sua mais alta essência...
Com vocês,

Eros e Psiquê, de Fernando Pessoa

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
Do além do muro da estrada.


Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.


A Princesa adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.


Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.


Mas cada um cumpre o Destino –
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.


E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.


E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão , e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia...


Nenhum comentário:

Postar um comentário