"O palhaço é especialista em tudo", "O palhaço é um perdedor feliz", "Palhaço é a arte do encontro"... ecoavam em minha cabeça as frases da mestre. Meu coração se alegrava em mais um aprendizado, a cada nova cor e forma em meu rosto, sentia chegar mais uma vez aquela que nasceu comigo e foi batizada Tita. De dentro de mim ela pulava e dava cambalhotas e ao som de um reggaeton nada lendo nós estavamos ali, prontas. Meus companheiros me guiaram ao corredor em que a explosão de mim se fez, brincadeiras e os preparativos da nossa festa de São João. Dentro dos quartos encontramos nossas atrações, várias dançarinas famosas de forró, a trilha eram as gargalhadas. Alguns quartos o sono já se fazia e sem perceber aprendi eu ali, a estar realmente pronta ao que o outro quisesse de nós, nem todos nos aceitariam, nem todos nos podiam aceitar. Disponibilidade. De quarto em quarto uma conexão, deixando de mim o melhor e pegando dos outros o que me dessem para jogar. No corredor ouvimos um chamado da mensageira, um número e uma letra, adentramos ao quarto das coordenadas que nos foram ofertadas e no cantinho esquerdo ali estava um pequenino, a tela do celular o divertia, não consegui me conectar e entendi que estava tudo bem. Andando pelo quarto descobrimos romances, histórias, fofocas, verdades e mentiras, as risadas vinham de todos os cantos, nos aceitaram, jogamos. E ali vi que palhaço é poder ser tudo, inclusive o nada, é oferecer um sabonete ou um beijo, um samba ou um forró, um adeus ou um até logo, uma palavra ou o silêncio, uma lágrima ou um sorriso. O nariz vermelho nos revela. Palhaço é ser. Inteiro.
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