Eita, Diário!
Que loucura de dia! Chegou
trazendo tudo o que tinha de trazer e mais um pouco. Até o mau humor de Dan dar
lugar à Inquietude de Inês, levou tempo... não seria um dia fácil. Mas a
presença dos melhores companheiros, aquela roupa, novamente vestida, a
maquiagem e todo e qualquer detalhe da decoração da casa de Paputcho foram mais
que suficiente para que Inês viesse “de com força”, e veio. Já lavando
o rosto recém maquiado com as lágrimas que não tinham sido liberadas até aquele
momento e que precisavam ficar para trás.
Saímos. Saímos com os
nossos cartazes (o da Srta. Tamborete, um presente da ilustríssima artista Teka
Aquarela), que ofereciam Abraços Grátis, para o Camelódromo. “E que caras
estranhas olhando pra nós”, comentei com a Malagueta. Daí, ela me disse que não
estavam acostumados a ver tantos clowns. Clowns? Que Clowns? Não estava
enxergando coisa alguma e assim segui até o ponto de chegada.
Seres particularmente
estranhos são as pessoas. E isto, claro, me inclui. Que sensações estariam
sendo despertadas naqueles comerciantes cheios de afazeres? Vi fagulhas em
alguns olhos, juro que vi... E brilho, curiosidade e encanto em outros. Inês achava
que o brilho maaaais brilhoso do dia seria de uma criança, por causa da imensa
experiência que elas, as crianças, costumam ter nisso. Mas não. Foi de uma
jovem de longos cabelos que estava sentada em um banquinho e sorrindo muito (em
silencio, só com o rosto) e que não “precisou” de palavras, jogo de cintura,
artimanha nenhuma para Inês se jogar nos braços dela- é, se jogar! E
foi uma recepção tão linda! Doeu o coração a
vontade e disposição dela, ali tão atenta e tão viva, apesar daquele ambiente
onde se sente ares de obrigações.
Pinika Dôrada e Lulu Fiapinho foram a companhia de boa parte do
tempo. Falaaantes como são, saíram puxando conversa a mil por aí. E restou a
mim o máximo que sei fazer: contato entre olhos e risos, quando estes eram bem
vindos, claro. Abracei tanto com esse jeito Inês/ Dan que me
incomodei pouco com o fato de não falar. Mas tive que me sair disso em alguns
casos... Porque como as pessoas gostam de paquerar, um negócio incrível! E os
“feirantes” não foram exceção. Este é mais um ponto de convergência
entre Inês e a pessoinha por trás dela: não saber o que fazer quando
está nessa situação... Porém, se sair é algo que se precisa aprender e este foi
“o” dia!
Poderia dizer aqui das
pessoas que não compraram o jogo ou das que simplesmente passaram direto por
mim e minhas companheiras, mas isso, por enquanto, não cabe em meu Diário.
Prefiro contar como quase todos nós estávamos reunidos do lado de fora e duas
menininhas nos colocaram no chinelo, dançando num carro; ou do encontro que
tive com duas pessoas “familiares”, que fizeram o dia um pouco menos
angustiante, mais doce. Ou da moça curiooosa pra saber onde nós estudávamos. Ou
do tio do abraço mais apertado daquele lugar!! Ou de Teca Lua Cheia me ajudando
com a falta de AR... na frente de um ventilador de uma das bancas!
Porém,
como eu disse, este foi “o” dia. Nem tudo é doçura e Inês Tamborete,
desarmada (para variar) encontrou um ser vivo qualquer que puxou o seu nariz.
Não poderia ter feito nada além de reagir à minha maneira, gritei com ele o
máximo que minha alma assustada pode- o que não foi muito. Posteriormente,
ouvir do “aprendizado” que isto traz, desculpem-me, companheiras que
conversaram comigo, não aliviou. Nem nada parecido. Não é coisa que se faça
puxar o nariz de um clown, por “n” motivos e sim, isto estragou o dia. Aqui
quem fala é Danúsia. A atuação estava por terminar, coincidindo com o fim da
minha, que parara por ali. O espaço era meu e ninguém tem o direito de
invadi-lo. Senti-me e sinto-me extremamente invadida. Minhas palavras sempre
são mais altas que minha voz e aqui está o que eu gostaria de ter externado.
Resta-me levar comigo os encontros- chegados e a distancia- do dia de hoje.
Obrigada às pessoas lindas, melhores companheiros/as que estiveram ao meu
redor, mesmo que só em presença, visto que a presença acalenta. Obrigada à Lis,
justamente por este acalento. Admiro-a ainda mais pelo respeito que ela tem ao
momento do outro.
P.S.: Este diário foi escrito à medida em que as emoções chegavam à/s
suas autora/s. Contém ânsia, tristeza, cólera. Contem lágrimas de um dia inteiro,
que não se desdobrou. Mas também abriga o essencial: fé e a êxtase de viver o
que se quer.
P.P.S.: Gostaria de agradecer à uma pessoa em especial.
Aproveitando que este é o meu primeiro diário pós nascimento, este que
coincidiu, em ocasião, com a saída de D. Lisbela Duracell. Ou de Ana. Ou de
ambas, já que às vezes me parecem ser apenas uma- mesmo pra mim, que só tive
oportunidade de conhecer (ver em ação) a primeira delas há pouco mais de dois
anos. Gratidão pela doçura e pelos atritos, porque sem eles a gente nao dá de
cara com o que realmente tem de ser feito. Pela atenção nos momentos em que me
deixei abater pela melancolia e desesperança. Pelos risos engraçados, pelo
olhar distante que me mostra que pessoas não tem de ser como a gente quer. Pelas
ligações. Pelo ânimo, incentivo e ajuda nos momentos de desespero de
causas acadêmicas, desde o início do curso. Por ter olhado em meus olhos e
acreditado em mim dentro deste projeto, não subestimando a minha tristeza quase
constante. E ao Universo, quando coloca e retira distancias entre nós.
15 de Março de 2014
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