A ARTE DE LEMBRAR
Algumas pessoas comem alimentos depois de vencidos; outras perdem a data
da fatura do cartão; uns esquecem a data do aniversário do melhor amigo; tem
aqueles que perdem as datas das provas; os que esquecem da data que usa como
senha; datas, datas, datas, perdidas, idas, esquecidas ..... por outros, porque eu
sempre lembro de todas elas!! Entretanto, lembrando delas, esqueci a do diário
de bordo kkkkkkkkkk
Sem mais justificativas ou desculpas esfarrapadas, digo apenas que
lembro com muito carinho dessa atuação a qual, hoje, me refiro. Lembro-me de que,
nela, percebi que somos lembrados.
Ser clown, palhaço, ombro amigo, ouvidos a postos ou em que quer que
seja que nos transformemos é algo tão natural e tão espontâneo que não tinha me
notificado de o quão magnífico esse trabalho poderia parecer aos olhos daqueles
que assim o querem enxergar.
Aquele momento em que entramos em um quarto e uma pessoa diz “eles voltaram”,
“vieram outros essa semana”, “a outra que veio semana passada era mais morena,
né?”, “eu lembro de você” à mágica. Que
privilégio e que honra ao sentir que nós ocupamos um pedacinho na memória daquelas
pessoas.
É a isso que dedico meu diário atrasado: a arte de lembrar. E digo “arte”
porque a lembrança não é algo sólido, concreto, imutável. Ela é intensa, ela é
feita, refeita, poetizada, entristecida, vista, revista, revisitada, mágica,
única e própria. Ela depende tanto de quem a possui quanto um quadro depende do
seu pintor. Se formos bons artistas, nossas lembranças serão as mais lindas até
quando tristes.
Eu me lembro.
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