Depois de 1 mês sem atuar, cá estou eu, um tanto nostálgica, um
tanto sentimental, sei que isso são sentimentos antecipados, mas
quem nunca sofreu por antecedência? Não consegui entrar no hospital
com a cabeça “branco-vazio”, acho que isso me atrapalhou um
pouco. A atuação foi difícil e me lembrou outras duas de já muito
tempo atrás. Tive que abaixar o nariz e, assim como nas outras
vezes, o sentimento de impotência me dominou por dentro. Mas a pilha
de Dinho e Izabel não acaba por pouca bobagem, contagia, e lá
estava eu de novo, com o nariz vibrante. Porém, as tortadas na cara
também estavam longe de acabar. Como todo mundo daquele hospital
estava aproveitando que era São João e bebendo todas as cervejas
que a cozinheira estava servindo, virei pra uma jovem, dona de um
lençol que a cobria quase todo o corpo deixando o sorriso
desconfiado de fora, e perguntei se ela estava deitada ali por conta
da cachaça. Ela manteve os músculos faciais contraídos que
seguravam aquele sorriso, que ainda busco o significado, e
respondeu-me “foi cachaça não, foi estupro”. Escolhi um ponto
final pra terminar a frase aqui, mas no momento, as reticências
foram tão infinitas, que os meus músculos faciais permaneceram, ao
contrário dos dela, relaxados, estáticos. Às vezes, a gente acha
que está preparado pra qualquer coisa, daí vem uma situação fora
da nossa “zona de conforto” pra nos levar à refletir o tamanho
da nossa insignificância. Que o aprendizado é a todo momento.
Núcleo do dia: Reflexão.
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