quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Zefinha Laranjeira - HUT – 11/11/2014

Enfim os novos companheiros juntos pra poder falar um pouco sobre acolher. Sobre cuidado. Sobre a beleza de olhar dentro de uns olhinhos que refletem uma alma doce e uma vontade de ser ouvida e olhada com carinho. Sobre respeitar um espaço, pedir pra entrar, aceitar a rejeição que minutos depois se transforma em um sorriso que nos mostra as maravilhas do lugar de onde esse alguém veio. Sobre uma parcela de solidão sanada num corredor de hospital, onde as pessoas ficam juntinhas pra ver um monte de “palhaços sem graça” (pra não deixar passar a fala de alguém que não sabe que cuidado não tem muito a ver com show de Patati e Patata) apresentando todos aqueles vizinhos uns aos outros.
Mais ainda, sobre o olhar sincero da Dona Lôra que trouxe uma paz tão grande pra aquele lugar que só se pode confirmar com um “que bom que a gente encontrou D. Lôra hoje” multiplicado por três. Que bom ela conseguiu resgatar as lembranças de um aniversário surpresa em que seus cento e tantos familiares (filhos, netos, bisnetos) chegaram de ônibus quando ela ainda tava dormindo... que bom que elas vieram pra acalentar um coraçãozinho cansado de passar noites ali com o único filho que ficou em casa... que bom que a felicidade e a saudade foi tanta que fez escorrer umas lágrimas escondidinhas pelo canto do olho... que bom que a gente conseguiu dar um abraço e um olhar sincero pra que, naquela noite, ela dormisse um pouquinho mais leve e nos acompanhasse pelos corredores e alguns outros quartos.
Sobre saber o nosso papel e cuidar dele enquanto estamos ali, é o que basta. Mesmo alguém perguntando “Que tipo de palhaços éramos nós que ao invés de alegrar os pacientes, fazíamos as coisas ficarem mais chatas?”...  o olho brilhando e a lágrima correndo escondidinha no rosto da D. Lôra, o sorriso da Rosineide conquistado aos pouquinhos, as conversas boas do Sr. que entrou num barrio pra ver se descobriam o que tava fazendo a cabeça doer, nos mostraram que a gente tava ali fazendo o que devia fazer, aquilo que as pessoas realmente precisavam que fosse feito!  E é só isso que eu quero dizer que basta! Que eu acredito que basta!

“Acho que hoje foi o dia que a gente foi mais clown. Ainda que falassem mal da gente, em momento algum senti que não tava fazendo o que devia ser feito. Talvez tenhamos sido menos fumaça, mais olhar, mais verdade, mais cuidado.”




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