Enfim os novos companheiros
juntos pra poder falar um pouco sobre acolher. Sobre cuidado. Sobre a beleza de
olhar dentro de uns olhinhos que refletem uma alma doce e uma vontade de ser
ouvida e olhada com carinho. Sobre respeitar um espaço, pedir pra entrar,
aceitar a rejeição que minutos depois se transforma em um sorriso que nos
mostra as maravilhas do lugar de onde esse alguém veio. Sobre uma parcela de
solidão sanada num corredor de hospital, onde as pessoas ficam juntinhas pra
ver um monte de “palhaços sem graça” (pra não deixar passar a fala de alguém
que não sabe que cuidado não tem muito a ver com show de Patati e Patata)
apresentando todos aqueles vizinhos uns aos outros.
Mais ainda, sobre o olhar sincero
da Dona Lôra que trouxe uma paz tão grande pra aquele lugar que só se pode
confirmar com um “que bom que a gente encontrou D. Lôra hoje” multiplicado por
três. Que bom ela conseguiu resgatar as lembranças de um aniversário surpresa
em que seus cento e tantos familiares (filhos, netos, bisnetos) chegaram de ônibus
quando ela ainda tava dormindo... que bom que elas vieram pra acalentar um
coraçãozinho cansado de passar noites ali com o único filho que ficou em
casa... que bom que a felicidade e a saudade foi tanta que fez escorrer umas
lágrimas escondidinhas pelo canto do olho... que bom que a gente conseguiu dar
um abraço e um olhar sincero pra que, naquela noite, ela dormisse um pouquinho
mais leve e nos acompanhasse pelos corredores e alguns outros quartos.
Sobre saber o nosso papel e
cuidar dele enquanto estamos ali, é o que basta. Mesmo alguém perguntando “Que
tipo de palhaços éramos nós que ao invés de alegrar os pacientes, fazíamos as
coisas ficarem mais chatas?”... o olho
brilhando e a lágrima correndo escondidinha no rosto da D. Lôra, o sorriso da
Rosineide conquistado aos pouquinhos, as conversas boas do Sr. que entrou num
barrio pra ver se descobriam o que tava fazendo a cabeça doer, nos mostraram
que a gente tava ali fazendo o que devia fazer, aquilo que as pessoas realmente
precisavam que fosse feito! E é só isso
que eu quero dizer que basta! Que eu acredito que basta!
“Acho que hoje foi o dia que a
gente foi mais clown. Ainda que falassem mal da gente, em momento algum senti
que não tava fazendo o que devia ser feito. Talvez tenhamos sido menos fumaça,
mais olhar, mais verdade, mais cuidado.”
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