Oi, querido diário! Como é bom
voltar a falar contigo. Hoje foi um dia bom, daqueles tranquilos e leves, com
céu cinzento e sol preguiçoso. A noite foi bela em sua simplicidade, a atuação
colorida com as cores de Magali e Teka se misturando – a Inês não esteve
conosco.
Os jogos começaram ao abrir a
porta. De cara me vi transformada em um saco de soro, sendo transportada pela
Teka pelos corredores em um carrinho engraçado. Segunda a moça de branco, eu
não poderia ser um soro só (acho que ela me achou gorda), mas era uma caixa,
precisava ser carregada no carrinho. E lá fomos nós. Mas logo cansei de ser
soro, queria encontrar gente, ouvir histórias. Entramos no primeiro quarto,
atraídas por uma figura curiosa que tentava chamar nossa atenção com uns sons
estranhos e histórias ainda mais. Ele disse que era agente do FBI de São Paulo
(!), olha que coisa! E mais, estava no hospital porque tinha caído de
helicóptero, em uma missão, suponho. Ainda bem que ele estava inteiro pra nos
contar a história. No quarto seguinte nos deparamos com uma nova modalidade de
esporte que eu nunca tinha ouvido falar: arremesso de caminhão. Acredita,
diário?! Confesso que não entendi muito bem as regras e objetivos do jogo, mas
o nosso jogador não se deu muito bem, pelo visto. Disse que tentou se livrar de
uns animais que estavam no meio do caminho e que se deparou com a caatinga
seca. Também, depois de um mês sem tomar banho, não tem caatinga não faça mal.
E por isso estava lá, mas ele tinha fé, e isso parecia bastar. E tinha também
cruzes para carregar, mas que chegamos à conclusão de que eram penas e não
cruzes, pois eram leves e o ajudariam caso ele quisesse voar, no caso, eram a
sua família.
Os jogos foram seguindo, em cada
quarto rostos e histórias diferentes. Sorrisos tímidos, outros mais abertos. E
aquelas moças de branco por todo lado, até a Miss Simpatia estava desfilando
por lá. Encontramos também fabricantes de filhos, uma tinha dois, outra quatro,
outra 10, e por ai ia. Uma delas nos disse que pra mandar fabricar tem que ter
a permissão oficial, um tal de anel dourado em um dos dedos da mão esquerda.
Mas tudo isso me pareceu um tanto complicado, melhor não experimentar por
agora. Aprendemos também a contar Janeiros, não sem muito embaraço. Nunca fui muito
boa em matemática. E na queixa de uma senhora acompanhante da falta do que
fazer, promovemos o jogo dos nomes, e todo mundo do ambiente foi devidamente
apresentado aos risos, e demos a ela ocupação pelo resto da noite – relembrar
todos os nomes. E claro, não deixei de brincar com o (quase) trava-línguas que
é o nome Magali Malagueta.
Muitas outras coisas aconteceram
nessa noite leve, mas muitas delas não podem ser narradas ou fielmente
descritas. Guardo comigo os olhares e os sorrisos. E sinto que a cada nova
atuação a Magali revela mais de mim, e o quanto isso é bonito. Com ela aprendo que “não sermos literais às
vezes faz nossa beleza, às vezes faz nossa cabeça um par de olhos, um pôr de
sol, às vezes faz a diferença”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário