Primeira parte
Que delícia é atuar! É tão gostoso que toda a energia boa tava acumulada esperando pra ser escrita agora... E nem a "Segunda parte" viria a interferir no amor que tenho pela sinceridade e fluidez que um nariz vermelho me proporciona.
Paquerei, viu? E paquerei meessmo!
Por quê? Porque sim!
E me joguei no vazio...
Me encontrei, ali, do lado de um Toquinho. Toquinho de Geres.
Nos permitíamos.
A gente nem precisava explicar nada, dava pra entender tudo ali, entre um olhar e outro!
E demos colo, e conversamos, e passeamos, e caimos, bem do lado do nosso maior medo.
De tanto fugir, de tanto não-tentar-ser, fomos parar do lado de um palhaço yéhyeah. Não sabíamos alcançar as expectativas dele, mas estávamos ali. Perdidas e disponíveis.
Passeamos muito, nos infiltrando em cada brecha, em cada disponibilidade. Jogando com o que tínhamos, doando nossa melhor energia. Às vezes em forma de sorriso, ou em uma explicação, podia ser uma história, ou uma solução. Podia até ser um pedido, uma pergunta, ou mesmo um silêncio, só nossa permanência, nosso corpo vivo e uma vontade de fazer mais.
Lindo lindo.
Somos irmã de nariz.
Segunda Parte
Oi, diário. Queria que essa parte não chegasse. Mas não sei se devo não querer. Como disse hoje na reunião toda situação tem um lado positivo pronto para ser aproveitado. Talvez o problema seja que eu ainda não tenha me adaptado a essa nova fase, tomara que seja só uma questão de tempo!
Mudanças de fase, mesmo que graduais, tem uma hora que a novidade já se instalou e a diferença se torna perceptível. Cheguei a esse ponto. Não que a transição tenha ocorrido tooda hoje, mas hoje tudo se tornou claro.
Meu querido diário, hoje essa menina, mais clown do que séria, te escreve pra dizer que não é mais tão menina.
Percebo o quanto minha infância de nariz vermelho foi feliz! Tive uma ótima companheira além de duas monitoras que são exeplares e adoráveis. Com elas dei meus primeiros passos, aprendi o quanto era gostoso me aventurar em terras de tamanha liberdade, onde o outro, aquele no qual meu olhar se fixou, é ele que me conduzirá para o mais incrível jogo!
Mas também aprendi a respeitar e me doar pra esse projeto. E essa fidelidade, essa entrega é que faz do projeto um projeto. ( Não vou usar o termo burocracia! Me recuso! Burocracia é complicação sem necessidade... E, se como todo grupo, temos problemas, resolvê-los não é burocracia, é CUIDADO. E, se como todo projeto, temos tarefas a cumprir para tornar válido nosso projeto, não sendo burocracia, ée sim ENTREGA. Nada mais justo do que se doar para um projeto tão lindo! ) ( Outro acréscimo: tá vendo diário, que perdi a leveza dos meus primeiros passos desajeitados?! Que agora tenho que lidar com uma realidade... )
Depois de me nutrir e crescer numa infância incrível, veio meu primeiro aprofundamento. Daí comecei a ver o funcionamento de ser um clown. Percebi que por mais que eu me entregasse, precisaria entender como se dá um encontro. E assim poder fazer dos meu encontros mais harmônicos e fluidos.
Eu queria passar toda minha energia, sem desperdiçar nadinha! Mas eu, ainda toda desengonçada tropecei na minha imaturidade que tentava ser técnica.
Sim, estou na adolescência! E como toda adolescência que se preze eu tinha que ter crises existenciais. De onde vim? Pra onde vou? Vou conseguir?
E em crises existencais se exacerba o desencaixe, e lá vai eu... Será que sou adotada? Sou tão diferente!
Ainda, a crise existencial te coloca de frente pra realidade, mas não uma realidade qualquer. Ela te põe de frente pruma realidade de traços tortuosos ampliados. Daí se exerga todos os defeitos aumentados, nos fazendo ter medo de compartilhar tantos defeitos. E quando se enxerga aquela família, dantes perfeita e imaculada, agora numa visão tão realista e pessimista, cria-se uma rejeição a essa realidade. Eu vou fugir!!! Vocês são todos hipócritas! Vou viver sozinho com as minhas regras!
É tudo muito confuso. Por mais que eu tenha agora tentado enxergar a realidade como ela realmente é... Sei da nossa condição humana e falível, e vejo a beleza de se permitir e de se superar... Mas o descuidado do grupo com o próprio projeto tem me incomadado demais. Deixa eu explicar!
Reunião, pra mim, é CUIDADO. Diário de bordo, pra mim, é ENTERGA. Não existe essa de: Se ninguém está fazendo, também não vou fazer! Ah, não estou bem com o grupo!
Ora, se não está bem com o grupo, resolve com o grupo -> reunião. Ora, se não esta se sentindo bem, desabafa! -> diário.
Vejo tanta energia desperdiçada pra se criar desculpas, pra não se sentir tão bem, pra fugir do problema. Ainda acho mais fácil usar essa energia de forma construtiva! De se fazer presente, ao invés de ser um corpo numa sala. De dizer o que sente, invés de dizer que não sabe sobre o que escrever. De dar a cara a tapa e se jogar no vazio, ao invés de procrastinar e inverntar um milhão de desculpas.
Acho esse projeto incrível, lindo e ainda nos recebeu de braços abertos. Acho que ele merece nosso cuidado! Nos fortalecendo como grupo, e não nos escondendo em nossas rotinas, se afundando no eu. E não escondendo a nossa identidade, e exibindo um outro eu.
O cuidado vem do eu, do jeito que o eu é, com toda a disposição de cuidar e fortalecer esse grupo-projeto!
Claro que também enxergo minha natureza humana e falível, e sei que estou sujeita a errar também! Mas quero assumir meus erros e suas responsabilidades...
E por isso que tenho ficado tão incomodada. Todo um semestre de desleixo e falta de cuidado generalizada foi ignorado. Algo aconteceu, ou melhor, muitas coisas deixaram de acontecer! E tudo foi esquecido como se não houvesse a possibilidade de retornar a acontecer... Como se não houvesse causado danos!
Não quero punição. Quero que possamos nos redimir com o grupo, e não 90% falhar e fingir que estamos quites.
Não, não estamos quites! Se 50, 30 ou 10% foi capaz de fazer algo pelo grupo, o grupo tem capacidade de dar retorno! ( quem não se sente capaz de cumprir o compromisso, não se disponibilize para tal! )
Estou me sentindo muito mal por ter saído da reunião de hoje antes desta acabar. Não tem desculpas para isso, afinal me comprometi a ir e já havia me planejado para tal. Independente do motivo deu ter saído não é justificativa! Mas não aguentei, ver quase todos da minha sala sair mais cedo por termos duas provas amanhã. E assim como a falta de cuidado de todo o semestre, essa reunião pela metade também passará desapercebida, afinal todos assinaram na lista (os que não faltaram, é claro). Eu poderia ter inventado mil desculpas, dor de barriga, de cabeça, sair de fininho. Mas tô aqui, dando a cara a tapa, só pra dizer que eu amo muito tudo isso! Pera, vou repetir...
Amo muito esse projeto, e dói vê-lo por tantas vezes desamparado.
Sei que muita gente, assim como eu também tem apreço por esse trabalho, e tudo que quero é expor como me sinto, por mais difícil que seja me expor tanto, só pra dizer que é possível fazer diário quando não está se sentindo tão bem.
Queria dar o exemplo pra que pudéssemos pôr a casa em ordem, pra que pudéssemos nos doar mais.
Sei que a UPI que eu enxergava na minha infância era uma visão distorcida e inalcançável de perfeição, e não pretendo usá-la como expectativa, seria muito injusto.
Mas sei que podemos nos dedicar mais, e que podemos não desperdiçar nadica dessa energia tão boa que temos. E que essa energia tem um potencial enorme, que podemos nos superar, basta nos empenharmos mais e saber pelo que estamos lutando.
Por uma saúde humanizada, pelo cuidado com o outro, para nutrir o mundo de boa energia.
Oi, diário. Queria que essa parte não chegasse. Mas não sei se devo não querer. Como disse hoje na reunião toda situação tem um lado positivo pronto para ser aproveitado. Talvez o problema seja que eu ainda não tenha me adaptado a essa nova fase, tomara que seja só uma questão de tempo!
Mudanças de fase, mesmo que graduais, tem uma hora que a novidade já se instalou e a diferença se torna perceptível. Cheguei a esse ponto. Não que a transição tenha ocorrido tooda hoje, mas hoje tudo se tornou claro.
Meu querido diário, hoje essa menina, mais clown do que séria, te escreve pra dizer que não é mais tão menina.
Percebo o quanto minha infância de nariz vermelho foi feliz! Tive uma ótima companheira além de duas monitoras que são exeplares e adoráveis. Com elas dei meus primeiros passos, aprendi o quanto era gostoso me aventurar em terras de tamanha liberdade, onde o outro, aquele no qual meu olhar se fixou, é ele que me conduzirá para o mais incrível jogo!
Mas também aprendi a respeitar e me doar pra esse projeto. E essa fidelidade, essa entrega é que faz do projeto um projeto. ( Não vou usar o termo burocracia! Me recuso! Burocracia é complicação sem necessidade... E, se como todo grupo, temos problemas, resolvê-los não é burocracia, é CUIDADO. E, se como todo projeto, temos tarefas a cumprir para tornar válido nosso projeto, não sendo burocracia, ée sim ENTREGA. Nada mais justo do que se doar para um projeto tão lindo! ) ( Outro acréscimo: tá vendo diário, que perdi a leveza dos meus primeiros passos desajeitados?! Que agora tenho que lidar com uma realidade... )
Depois de me nutrir e crescer numa infância incrível, veio meu primeiro aprofundamento. Daí comecei a ver o funcionamento de ser um clown. Percebi que por mais que eu me entregasse, precisaria entender como se dá um encontro. E assim poder fazer dos meu encontros mais harmônicos e fluidos.
Eu queria passar toda minha energia, sem desperdiçar nadinha! Mas eu, ainda toda desengonçada tropecei na minha imaturidade que tentava ser técnica.
Sim, estou na adolescência! E como toda adolescência que se preze eu tinha que ter crises existenciais. De onde vim? Pra onde vou? Vou conseguir?
E em crises existencais se exacerba o desencaixe, e lá vai eu... Será que sou adotada? Sou tão diferente!
Ainda, a crise existencial te coloca de frente pra realidade, mas não uma realidade qualquer. Ela te põe de frente pruma realidade de traços tortuosos ampliados. Daí se exerga todos os defeitos aumentados, nos fazendo ter medo de compartilhar tantos defeitos. E quando se enxerga aquela família, dantes perfeita e imaculada, agora numa visão tão realista e pessimista, cria-se uma rejeição a essa realidade. Eu vou fugir!!! Vocês são todos hipócritas! Vou viver sozinho com as minhas regras!
É tudo muito confuso. Por mais que eu tenha agora tentado enxergar a realidade como ela realmente é... Sei da nossa condição humana e falível, e vejo a beleza de se permitir e de se superar... Mas o descuidado do grupo com o próprio projeto tem me incomadado demais. Deixa eu explicar!
Reunião, pra mim, é CUIDADO. Diário de bordo, pra mim, é ENTERGA. Não existe essa de: Se ninguém está fazendo, também não vou fazer! Ah, não estou bem com o grupo!
Ora, se não está bem com o grupo, resolve com o grupo -> reunião. Ora, se não esta se sentindo bem, desabafa! -> diário.
Vejo tanta energia desperdiçada pra se criar desculpas, pra não se sentir tão bem, pra fugir do problema. Ainda acho mais fácil usar essa energia de forma construtiva! De se fazer presente, ao invés de ser um corpo numa sala. De dizer o que sente, invés de dizer que não sabe sobre o que escrever. De dar a cara a tapa e se jogar no vazio, ao invés de procrastinar e inverntar um milhão de desculpas.
Acho esse projeto incrível, lindo e ainda nos recebeu de braços abertos. Acho que ele merece nosso cuidado! Nos fortalecendo como grupo, e não nos escondendo em nossas rotinas, se afundando no eu. E não escondendo a nossa identidade, e exibindo um outro eu.
O cuidado vem do eu, do jeito que o eu é, com toda a disposição de cuidar e fortalecer esse grupo-projeto!
Claro que também enxergo minha natureza humana e falível, e sei que estou sujeita a errar também! Mas quero assumir meus erros e suas responsabilidades...
E por isso que tenho ficado tão incomodada. Todo um semestre de desleixo e falta de cuidado generalizada foi ignorado. Algo aconteceu, ou melhor, muitas coisas deixaram de acontecer! E tudo foi esquecido como se não houvesse a possibilidade de retornar a acontecer... Como se não houvesse causado danos!
Não quero punição. Quero que possamos nos redimir com o grupo, e não 90% falhar e fingir que estamos quites.
Não, não estamos quites! Se 50, 30 ou 10% foi capaz de fazer algo pelo grupo, o grupo tem capacidade de dar retorno! ( quem não se sente capaz de cumprir o compromisso, não se disponibilize para tal! )
Estou me sentindo muito mal por ter saído da reunião de hoje antes desta acabar. Não tem desculpas para isso, afinal me comprometi a ir e já havia me planejado para tal. Independente do motivo deu ter saído não é justificativa! Mas não aguentei, ver quase todos da minha sala sair mais cedo por termos duas provas amanhã. E assim como a falta de cuidado de todo o semestre, essa reunião pela metade também passará desapercebida, afinal todos assinaram na lista (os que não faltaram, é claro). Eu poderia ter inventado mil desculpas, dor de barriga, de cabeça, sair de fininho. Mas tô aqui, dando a cara a tapa, só pra dizer que eu amo muito tudo isso! Pera, vou repetir...
Amo muito esse projeto, e dói vê-lo por tantas vezes desamparado.
Sei que muita gente, assim como eu também tem apreço por esse trabalho, e tudo que quero é expor como me sinto, por mais difícil que seja me expor tanto, só pra dizer que é possível fazer diário quando não está se sentindo tão bem.
Queria dar o exemplo pra que pudéssemos pôr a casa em ordem, pra que pudéssemos nos doar mais.
Sei que a UPI que eu enxergava na minha infância era uma visão distorcida e inalcançável de perfeição, e não pretendo usá-la como expectativa, seria muito injusto.
Mas sei que podemos nos dedicar mais, e que podemos não desperdiçar nadica dessa energia tão boa que temos. E que essa energia tem um potencial enorme, que podemos nos superar, basta nos empenharmos mais e saber pelo que estamos lutando.
Por uma saúde humanizada, pelo cuidado com o outro, para nutrir o mundo de boa energia.
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