Saí de casa sentindo os pingos da chuva. Com o passar do tempo, percebi que não era somente uma chuvinha, e sim um baita pé d'água! Fiquei ilhada, preocupada e ansiosa... a atuação estava marcada pras 18 horas, eram 17:55 e eu em meio a um riacho dentro da cidade. Depois de muita coragem e medo...rs consegui passar por uma rua inundada, deixando assim pequenas partes do meu automóvel. Pensava: -Quanto mais tempo que ficar aqui, maior vai ser o nível da água. E realmente era assim mesmo. Eu nunca havia visto uma chuva tão furiosa somada à uma cidade sem estrutura para tal... enfim...
Chegando ao hospital, me dei conta do que havia ocorrido... o que uma estudante pensaria ao ver o prenúncio de que viria despesas e mais despesas? tentei não deixar que isso influenciasse naquele dia de atuação.
Feliponga e Cassandra se uniram pra buscar energia para subir os narizes. E lá se foram. Logo no início do corredor, havia um jovem simpático com duas muletas: uma se chamava Joana, outra Maria. Ambas namoradas dele. Ouvia Pablo pelo celular, sem fones de ouvido, ou seja, ouvíamos! fez com que Feliponga dançasse no ritmo do arrocha de uma maneira bem clown, sé é que vcs me entendem...kkkk
Seguimos caminho rumo ao quarto das quatro mulheres. Havia uma jovem muito bonita com seus dois braços engessados, uma senhora que virou minha vovó, e duas mulheres que riam de todos os jogos. A jovem dizia que poderia conseguir 4 namorados pra Feliponga e Cassandra se nós a deixássemos em paz. Detalhe: Ela dizia isso com um belo sorriso estampado no rosto.
Cassandra logo se interessou, Feliponga meio desiludida com a vida, disse que pensaria no caso. Logo a jovem disse que poderíamos escolher do jeitinho que quiséssemos... alto, baixo, loiro, moreno, rico, pobre, cheiroso, fedorento... Feliponga achou logo interessante e começou a fazer propaganda da firma da menina, chamando todas mulheres que apareciam pelos corredores.
Depois disso em outro quarto, haviam dois senhores muito simpáticos, que abriam belos sorrisos, um jovem escondido debaixo de um lençol, só com os olhinhos de fora, alegando que sentia muito frio e um homem acompanhado por sua esposa que tinha uma locadora de Dvds dentro do hospital, um notebook e muita vontade de assistir vários filmes seguidos. Feliponga e Cassandra se divertiram bastante com esse casal, que comentou, que havia um homem que havia amputado a perna recentemente em um quarto perto dali. Pediram que fossem conversar com ele, e lá se foram as palhaçinhas.
Antes de chegar ao quarto indicado, conhecemos uma senhorinha simpática demais, Dona Domingas, coincidentemente num dia de domingo...rs
Ela passava protetor solar à noite, fator 50... as palhaçinhas ficaram impressionadas com tamanha precaução. Então, seguiram pra o quarto escuro.
-Mas... porque a luz esta apagada? Disseram.
A mãe de um dos pacientes disse que poderia ligar as luzes. Quando adentraram, havia um jovem olhando o celular e esse senhor dormindo... entraram sem fazer barulho.
E de repente:
-PÁÁÁ!!!
O homem fingia dormir e queria dar um susto em Feliponga e Cassandra!! Elas se assustaram sim e jogaram muito com tal homem que parecia entender de tudo quanto é jogo, com um sorriso no rosto e um ótimo senso de humor. Depois de alguns minutos, o mesmo pediu pra mãe do seu companheiro de quarto, pra retirar o cobertor, pois sentia calor. Deu pra perceber realmente que era o homem de quem haviam falado, pois lhe faltava uma perna. Sem dúvida, esse senhor surpreendeu as duas palhaçinhas com sua energia! Era disso que eu precisava naquele domingo chuvoso. E foi assim, que desceram-se os narizes e mesmo apesar desses e de outros pesares, essa linda interação foi renovadora. Que privilégio ímpar.
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