“ESCUTO
HISTÓRIAS DE AMOR...”
Ainda
me pergunto se levei uma plaquinha com a referente frase ““ESCUTO HISTÓRIAS DE
AMOR...”, quando saí da sala pra atuar. Não sei ao certo, mas talvez eu tenha
deixado a entender que estava ali pra isso, ouvir histórias.
Preciso
ser sincero que a atuação me parecia muito sem emoção, até sem energia eu posso
dizer, mas chegou um momento que a gente se bateu com gente que ama, gente que
ama um ao outro; não era amor a profissão, ou amor aos pacientes, amor aos
médicos, ou amor aos bebês como geralmente acontece em uma maternidade, era
amor de dois mesmo, era amor carnal, de homem e mulher, de enfermeiro e enfermeira, ou de gestante e
acompanhante, para melhor dizer.
Saí da sala dos enfermeiros achando que
trabalhar amando é mais gostoso, ou que ver amor onde não tem, é uma forma mais
bunita de levar o dia que geralmente é cheio de cansaço, incompreensão, e
estresse. Não que a gente ande procurando fofoca no hospital, mas aqueles dois
enfermeiros estavam muito animadinhos pra quem dobra plantão; era um chamego só.
Não vou te dizer de certeza se todo aquele aprego e declarações descaradas eram
de verdade, mas aqui pra nós, se não eram, tem grandes chances de ser a partir
daquela sexta-feira, Jurema e eu colocamos esperança naquele affair, demos todo
o apoio do mundo, e colocamos lenha na fogueira que sabe Deus se já queimava,
nos intervalos entre um soro e outro trocado no decorrer do plantão. (“Tu viu?
Cala a boca!”).
E como se não bastasse a enfermagem do amor,
eu e Ju (Jurema) encontramos um casal tipo a gente, de palhaços, mas palhaços
por natureza, gente que não precisa de panqueque, de pinta cara, nem muito
menos de nariz. Eles nasceram um pro outro ambos palhaços na vida, gente que
leva a coisas na brincadeira, gente que faz da vida um eterno picadeiro. Falo
que eles nasceram um pro outro, mas calma, não pense que a história deles é uma
história típica de contos de fada, na verdade não chega nem perto disso (exceto
no final), a história deles é mais cercada de amantes, mulheres, filhos [4, (um
com cada mulher)], homens, e mais amantes, 4 também, porque eles combinavam até
na disfidelidade, também tinha cachaça, festas, amizade um filho (agora o 5º na
conta dele e o 2º na conta dela, todos de pais e mães diferentes), e por fim
amor, amor, mais amor e Deus, ai veio a Igreja, o convertimento, e o “Gloria a
Deus”, pois aceitaram Jesus acredita? Porque pra segurar um casal assim, só o
laço que Deus amarra e ninguém solta, “Eis que tudo se fez novo...” E só ficou
o futuro, esperando por esses 2 loucos pela vida.
Em ambos os casos senti vontade de baixar o nariz e pedir um café, ouvir
a tarde toda, todas as histórias que eles viveram antes de se encontrar, tanto
o primeiro, que ninguém sabe se sim ou se não, quanto pro segundo que gritou
pro mundo o amor, e gritou tão alto que até Deus ouviu, queria era não precisar
da máscara, queria era contar que eu achei bunito aquele amor, mas falar sério
sabe, porque as vezes é bom ser palhaço pra falar o que bem entender, as vezes
é ruim querer falar sério, e acharem que apenas mais uma piada que a gente
conta. Eu queria era ser levado a sério igual eles levaram aquele amor. Será
que fui?
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