DIÁRIO DE BORDO
Hoje o cansaço estava gigante. Eu já estava planejando fazer o que fiz,
talvez a coordenação até me dê um puxão bem grande de orelha por isso. Coloquei
os “calouros” para atuarem sozinhos enquanto eu observava. Apesar de eles
ficarem nervosos com a notícia, expliquei que eu havia atuado sem monitor logo
na 3ª atuação, e que é necessário a gente sair da zona de conforto pra sabermos
o quão surpreendentes e grandes podemos ser. Estava nos planos também a
Chiquita aparecer no meio da atuação, não pra eles pensarem que estavam fazendo
algo de errado, mas poderem avaliar uma atuação com e sem monitor ao mesmo
tempo. Acredito que Chiquita apareceu no momento certo, em que uma paciente era
muito abusada e estava falando mal das meninas, dentro do jogo, e falando mal
como coisas do tipo “feia”,
“prostituta”, “não gosto de gente preta”. Com essas atitudes dela
confesso que até eu senti bastante desconfortável e com muito medo de não
conseguir sair daquilo. Foi então que me lembrei e ensinei às meninas o que
aprendi com Teka Lua Cheia: quando alguém tem alguma atitude racista, a gente
joga com as cores das roupas, dizendo que a pessoa é vermelha se ela estiver
usando uma camisa vermelha, por exemplo. Essa foi a dificuldade que tivemos,
mas acho que conseguimos nos sair bem.
Tenho que contar também a minha primeira e curta experiência assistindo
uma atuação. Só tenho uma palavra para expressar: desesperador! Porque dá
vontade o tempo todo de entrar pra atuar, de brincar com o pessoal, de entrar
no jogo. E é muito difícil ficar ali no cantinho, tentando ser um fantasma e se
desviando dos olhares curiosos das pessoas tentando entender o porquê de você
estar seguindo os palhaços pelo hospital. No entanto, é também bem divertido
ver meus melhores companheiros atuando, é engraçado, mas também nos coloca com
um olhar mais crítico e comparador.
Enfim, fecho esse diário de bordo com duas palavras: desespero e
confiança.
Chiquita Furacão
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