segunda-feira, 2 de junho de 2014

Carminha Linguicinha, Atuação no HUT, 21/05/2014

Querido diário,
Como começar um diário para relatar uma das melhores atuações da sua vida? Poderia escrever 1 palavra ou até 20 páginas e ainda faltaria algo... Inefável caberia bem aqui. E olha que o dia não era dos melhores... esse período da faculdade tem me tirado do sério, e muito frequentemente, do sono... Eu estava cansada, muito. Mas eu queria estar ali, e que bom que eu eu estava ali.
Eu, Amanda e Epa, ou melhor, Carminha, Valentina e Santiago, estávamos ali, sendo observados por Ray, entramos de cabeça, no vazio... E já de cara, encontramos Degenilson. "Nós estamos perguntando seu nome, não de onde você é, já entendemos que você é de Genilson. Mas a propósito onde fica Genilson?" Deixamos o pobre homem confuso, que gastou um dez minutos tentando nos explicar que Degenilson era seu nome e não no lugar em que ele morava. Mas o lugar que ele morava era um tanto interessante: Tinha cataventos gigantes... Wow, queríamos conhecer. E eis que então, como as belas coincidências da vida de um clonw, Degenilson era guia turístico de sua cidade e estava disposto a fazer um tour conosco... E mais, ele ainda mostraria seus serviços como nosso guia turístico hospitalar. Foi através daquele homem, que conhecemos todos os outros pacientes que ali estavam...
Como toda atuação, sempre há um ponto alto. Não que os outros momentos tenham sido ruins mas sempre há aquele momento em que você pensa: se tivesse acontecido só isso durante toda a atuação, já teria valido a pena. Entramos num quarto com muita gente, umas 7 pessoas aproximadamente e dentre elas um  senhor idoso que nos dizia estar agoniado. Fomos a fundo  e descobrimos que aquela agonia era na verdade solidão. Aquele senhor não tinha ninguém com ele ali, nenhum acompanhante, era sozinho na vida... Nessas horas, o nosso espírito clown quase que se esvai, e aquele sentimento de  incopetência, de fragilidade diante de situações da vida as quais não temos, nem sabemos muito o que fazer, tomou conta de mim. E então, quando aquele senhor nos disse "não tem ninguém aqui comigo", eu disse a única coisa cabível naquele momento "nós estamos aqui com o senhor". E tentamos mergulhar naquele encontro, da melhor forma que poderíamos... Foi um encontro curto, porém proveitoso. Em um certo momento, durante uma pergunta, o senhor virou e disse pra mim "Cuma?" e então, quase que instantaneamente, ainda sem saber ao certo o porquê, eu virei para Valentina Bicudinha e disse "Cuma?"... E como um passe de mágica, estava formado o jogo... Conseguimos que todos os participantes do quarto participassem dele. As regras eram simples. Cada um, em sua vez deveria virar para alguém e dizer "Cuma", então a pessoa que recebeu o "Cuma", deveria virar para outra pessoa e dizer "Cuma", e assim sucessivamente. Mas tem um detalhe: quem dissesse Cuma para a mesma pessoa a qual recebeu o "cuma" perderia... Um dos homens que ali estava ganhou. Dissemos que iriamos procurar um prêmio para ele... Mas antes disso, ainda tivemos competição de dança, a qual Degenilson ganhou e generosamente resolveu ceder a vitória a seu adversário... E esse foi o nosso último quarto, saimos então de jegue para o fim da atuação... Degenilson nos seguia como se não quisesse que aquilo acabasse, ou talvez por curiosidade em descobrir, o que  escondiamos por trás de tudo aquilo. Ah se ele soubesse que Carminha é anos-luz mais interessante que Júlia... Despitamos e seguimos para a salinha, onde abaixamos os narizes... Antes da atuação me sentia cansada, porém, após a atuação, minhas energias estavam revigoradas. A felicidade é, afinal, o tônico da alma.

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