sábado, 9 de junho de 2012

Lisbela Duracell, 28-04-2012



Conversei com minha mãe uma semana antes. Avisei que o grupo iria atuar no centro de Petrolina, no sábado, e que tinha oferecido o apartamento para a organização. Coisa simples, mãe: o pessoal chega, toma um leve café da manhã, troca de roupa, prepara a maquiagem, o nariz e toma as ruas. Minha mãe: “tudo bem”. Fui dormir por volta de 4h da manhã na sexta. Lembrei que tinha avisado a quem tivesse dúvida em relação ao figurino que poderia chegar mais cedo e tal, às 7h. JESUS!!! Acordei 7h da manhã torcendo pra que ninguém tivesse dúvida. Às 8h o pessoal começou a chegar, a conta gotas, risos e conversas pela sala.  Uma média de 30 pessoas entre clowns e fotógrafos e amigos e família. Menina, a sala, o quarto, a cozinha, o banheiro pequenininhos ficaram ENOOOOOOOOOOOOOOOOOORMES, GIGANTESSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSCOS, UMAS VALAS. Até dei uma olhadinha pra ver se enxergava o OOOCUSPORCU-US por lá. E a graça é que a síndica mora no apartamento de cima e não fizemos questão de limitar sons. Sem sincronia ou ensaio, o pessoal ia se distribuindo entre as atividades. Adorei tanta gente no apartamento. Adorei tanta gente que gosto tanto em minha casa. Estava muuuito feliz. Pouco a pouco foram subindo a máscara e encontrando o outro, alimentando-se no olhar do outro. Foi dada a largada. Lindos, coloridos, fantásticos. Desceram as escadas e encontraram Seu Zé, o porteiro. Como abraçaram Seu Zé... E tantos outros Zés que iam encontrando, conquistados de formas diferentes. E com abraços diferentes. Abraço com os olhos, abraços com os braços, abraços com as mãos, abraços com as palavras, abraços com os sorrisos, abraços com o silêncio. Pouco a pouco fomos relembrando aos novos a importância do caminho e de estar próximo ao melhor companheiro do mundo. A importância da verdade e a beleza, o encantamento do encontro. Pouco a pouco as ruas foram ficando bem pequenas.
 E sabe uma coisa interessante ou intrigante: pessoas agradecendo por compartilharem um abraço ou ressaltando a importância de um projeto que promove esse tipo de “ação”. Continuem fazendo isso e tal. Continuem humanizando os espaços, sensibilizando as pessoas. É triste reconhecer que durante o dia-a-dia corremos tanto que não temos tempo para ver as pessoas, as que estudam com a gente, as que trabalham com a gente, as que vivem com a gente, as que passam na rua, as que moram na rua. Corremos tanto a ponto de não perceber o quanto elas são importantes ou estão precisando de ajuda. Tem um texto de Fernando Sabino em que ele diz o seguinte: “Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo. Um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar (...). Passam e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.” Acho que com todas essas “possibilidades” de encontro, o “ABRAÇO GRÁTIS” serve-se de muito mais simbolismo, de um alerta geral para a cegueira pública, humana, desumana, que pouco a pouco, com justificativas superficiais, ignoram o que realmente é importante na vida, o que vale a pena. 

























































































































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