segunda-feira, 27 de março de 2017

Bibi Oteca, HUT, 17/03/2017

Querido Diário de Bordo,

Hoje a atuação foi do meu amado trio: Lulu, Anita e Bibi. Conhecemos crianças, jovens, adultos e idosos. Encontramos pessoas fáceis de conversar e encontramos verdadeiros desafios. Nos vimos deixando pessoas de lado e, depois, discutindo como poderíamos ter feito melhor. Foi uma atuação de experiências, paciência e aprendizado. Ainda é difícil para nós lidar com o machismo presente nas atuações. É difícil manter a energia e o nariz frente a alguns comentários. Mas, apesar de tudo, seguimos firmes, tentando agir da melhor maneira quando encontramos cenários tão diferentes e tão hostis. E, claro, sempre conhecemos pessoas maravilhosas, que fazem tudo valer a pena. 


A Flor e a Náusea, Carlos Drummond de Andrade

"(...)Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio."


Sejamos sempre flor que fura o asfalto.
Até a próxima atuação,
Bibi Oteca.

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