Fiu fiu fiu... |
Na sexta,
eu acordei bem desanimada e o fim de tarde só fez aumentar minha preguicinha.
Preguicinha de ir pro hospital, vestir minha roupa apertada, me maquiar, subir
a energia e tudo o que vem junto com a atuação. Eis que meu amigo pergunta o
que iria fazer aquela noite e me chama para sair. Eu disse que estaria ocupada
atuando. Então ele pergunta "o que é atuar?". Fiquei #xatiada. Já
tinha explicado tantas vezes o que eu fazia. Ele conhecia a UPI, sabia o que
era atuar. E, na verdade, não sabia. Depois de se explicar ("eu
esqueci"), perguntou, brincando, "me leva?". E eu, suponho que
surpreendentemente, disse "vamos!". Confesso que saber que meu amigo
iria me observar deu um estímulo a mais pra sair de casa e ir para o hospital.
Na verdade, não sei se fiz certo em levá-lo, por ele ser uma pessoa de fora da
UPI, mas como o conheço muito bem, confiei que ele se comportaria kkkk.
Foi uma
noite maravilhosa. Encontramos estrangeiros, poliglotas, professores,
sertanejos... E muitos, MUITOS precisando de aulas de sorriso. Ainda bem que eu
estava com a mestre das mestres nessa arte, a inigualável Frufruta Doce,
caçadora e professora de sorrisos. Mas melhor que fazer os outros rirem, só
quando os outros nos fazem rir; quando o paciente deixa de ser paciente pra
virar clown e ir pro centro do picadeiro e o nosso trabalho é, apenas, assistir
e se deliciar.
Saí do HU feliz pelo passeio (é o que Toquinho e Frufruta
respondem quando perguntam o que estão fazendo lá) e por ter mostrado um
pouquinho do que é a UPI pra um amigo muito querido. Esse meu amigo disse que
as pessoas parecem rir de qualquer coisa que a gente faz. Na maioria das vezes,
penso que o que eu faço ali não é engraçado (e nem precisa ser), mas, mesmo
assim, nos são oferecidos sorrisos e risadas em troca. Isso é o encontro. As
pessoas estão ali prontas pra isso. Acho que por que não há nada pra se fazer
em um hospital. Não tem tv, não tem rádio, nem revistas, nem natureza, nem
gente passando. Para alguns, os palhacinhos são a melhor forma de distração. E
isso é algo que precisamos lembrar nos momentos em que falta vontade; temos um
compromisso com o encontro, algo maior que a nossa preguiça de fim de tarde.
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