Nessa semana, Ju e eu
contamos com a presença do velhinho Sancho. E não é só a sua pança que é fofa;
parece que barriga redonda é apenas uma reserva pra doçura nunca faltar.
Não intencionalmente,
começamos por quartos já conhecidos e quartos tidos, por mim, como difíceis.
Depois de uma longa semana, encontramos Dona Maria de novo; a Dona Maria que
aguardava sua cirurgia. Dessa vez, estava ainda mais fraquinha; quase não
reagia; parecia sem esperança e conformada. Enquanto tentávamos uma conversa,
ela estava com uma lágrima no olho que não caia. Fiquei angustiada. Minha
companheira Frufruta, muito sensível, conseguiu lidar com aquela situação de
uma forma muito bonita. Obrigada, Frufruta. Por mim e por Dona Maria. Já no
quarto do outro lado do corredor, lá estava o palhacinho triste e, mais uma
vez, o jogo não fluiu. Perdão, palhacinho, mas talvez você não entenda
o nosso encontro. “Porque esses palhaços são tão sem graça?”, deve
pensar. Ou talvez só esteja tristinho e cansado mesmo. O negócio é entender e
respeitar o espaço.
Às vezes, entramos
num quarto com muitos homens e a situação pode ficar meio complicada. Algumas
piadas ruins são inevitáveis, como aconteceu nessa noite, no setor. Mas às
vezes aparece um homem gentil, que de tão empolgado quase deixa seu leito,
mesmo de perna e braço quebrados, e diz “fico tão feliz quando chegam minhas
palhacinhas”. Ah! Nós também. E ainda bem que tinham outros homens gentis.
Lembro do bigodudo, do “gerente da polícia”, do cantor Roberto Carlos. E das
mulheres gentis. E de outras nem tanto. De todo jeito, fico feliz de poder
encontrar de tudo no hospital e exercer a gentileza em mim. Seja a troca de
grosseria, seja a troca de gentileza.
Aqui, tudo +
gera -> gentileza
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário