quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

28/11/14 - Toquinho de Geres - HUT




Nessa semana, Ju e eu contamos com a presença do velhinho Sancho. E não é só a sua pança que é fofa; parece que barriga redonda é apenas uma reserva pra doçura nunca faltar.

Não intencionalmente, começamos por quartos já conhecidos e quartos tidos, por mim, como difíceis. Depois de uma longa semana, encontramos Dona Maria de novo; a Dona Maria que aguardava sua cirurgia. Dessa vez, estava ainda mais fraquinha; quase não reagia; parecia sem esperança e conformada. Enquanto tentávamos uma conversa, ela estava com uma lágrima no olho que não caia. Fiquei angustiada. Minha companheira Frufruta, muito sensível, conseguiu lidar com aquela situação de uma forma muito bonita. Obrigada, Frufruta. Por mim e por Dona Maria. Já no quarto do outro lado do corredor, lá estava o palhacinho triste e, mais uma vez, o jogo não fluiu. Perdão, palhacinho, mas talvez você não entenda o nosso encontro. “Porque esses palhaços são tão sem graça?”, deve pensar. Ou talvez só esteja tristinho e cansado mesmo. O negócio é entender e respeitar o espaço.

Às vezes, entramos num quarto com muitos homens e a situação pode ficar meio complicada. Algumas piadas ruins são inevitáveis, como aconteceu nessa noite, no setor. Mas às vezes aparece um homem gentil, que de tão empolgado quase deixa seu leito, mesmo de perna e braço quebrados, e diz “fico tão feliz quando chegam minhas palhacinhas”. Ah! Nós também. E ainda bem que tinham outros homens gentis. Lembro do bigodudo, do “gerente da polícia”, do cantor Roberto Carlos. E das mulheres gentis. E de outras nem tanto. De todo jeito, fico feliz de poder encontrar de tudo no hospital e exercer a gentileza em mim. Seja a troca de grosseria, seja a troca de gentileza.

Aqui, tudo + gera -> gentileza

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