Desta vez, o primeiro
quarto do hospital começou com uma celebração. Bartolomeu, Lindonildo e
Mariqueta começaram grande: encontraram um padre que não sabia rezar, e mesmo
assim celebrou o casamento de Bartolomeu e Lindonildo. Fomos declarados marido
e marido. Mariqueta acompanhou Bartolomeu pela até me entregar para Lindonildo,
e ela mesma, com suas mãos, fez a aliança. E saímos os três pelo hospital como
uma corrente. Eu gostei desse jogo, fazer dois palhaços casarem pra mim é uma
forma de fazer um discurso dentro do jogo que amor homossexual é tão amor
quanto qualquer outro. Que o que importa é ser feliz. E só vi um paciente que talvez
não tenha gostado muito da idéia, mas pode ser que ele só quisesse ficar só no
seu cantinho, e não se importasse com a idéia do casamento gay.
Eu gosto de
aproveitar meu palhaço para fazer discursos importantes. Numa atuação há alguns
meses atrás, lembro de um acompanhante que falava que mulher não tinha vocação
pra dirigir, que só fazia besteira no volante, e eu tive que dizer que as
mulheres eram as mais responsáveis no trânsito, que eram tão capazes como todo
mundo. Ser clown também tem essa face. Bartolomeu não é separado do Eduardo, e
nós dois somos feministas.
Mariqueta me
encanta com sua delicadeza. Conseguiu cativar um quarto cheio de pacientes e
acompanhantes em torno da oração do Credo católico. Ela consegue envolver
pessoar com seu carisma e contato.
Encontramos várias
outras pessoas incríveis pelo caminho: Lindonildo de vez em quando chamava as
pessoas para a Lindolândia, encontramos um senhor argentino/brasileiro de quem
gostei bastante, que tava curtindo um AC/DC no HUT.
Trouxe muita
coisa boa. Minha companheira e companheiro sempre melhoram minha noite. As
pacientes, acompanhantes e profissionais, são a razão da minha sexta à noite.
UPI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário