segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Bibi Oteca, HUT, 10/02/2017

Querido Diário de Bordo,

Como é bom voltar!

Depois desse recesso e tanto tempo sem poder usar minhas meias listradas, foi com alívio e com um leve nervosismo que subi as infiniiiiiiiitas escadas até o terceiro andar. Na atuação, reencontrei Cacau Varapau e Txequinaudo das Estrelas. Esse grupo dá tão certo que atuamos por quase três horas, sem nem vermos o tempo passar!

Encontramos pessoas maravilhosas e dispostas a brincar conosco. Apesar das limitações físicas, por ser a ala da ortopedia e muito pacientes estarem com ferros saindo de todos os lugares possíveis, conseguimos conversar bastante e conhecer bastante gente. 

Os patrulhas de corredor, o adorável Fefel, a Rainha de Petrolina... muitos foram os encontros. 

Entramos em um quarto com isolamento de contato, para conversamos com a senhora que acompanhava o paciente. Ela passa o dia todo lá, sozinha, sem poder sair do quarto. Nos contou a história de seu sobrinho e foi ótimo poder fazer companhia a ela, mesmo que por pouco tempo.

No último quarto do corredor, encontramos um verdadeiro circo. Dois circenses, um paciente e o acompanhante, agitavam o quarto com piadas e brincadeiras. Ali, fomos apenas expectadores. 

A atuação foi ótima! O andar estava muito mais animado e aberto às possibilidades que na última atuação. No entanto, um elemento que sempre me chateia nas atuações voltou a aparecer: a constante homofobia dos pacientes e acompanhantes. Invariavelmente surge alguma "piada" com o uso do batom por Txequinaudo, ou mesmo "brincadeiras" entre os pacientes, que usam a homossexualidade como xingamento e ofensa. Nesses momentos, fico um pouco distante do jogo. Nunca irei brincar com a homofobia. Quando surge a oportunidade, tento falar coisas como "e se ele for gay, qual o problema?", "qual o problema de usar batom? você também deveria!", mas nem sempre o espaço aparece. Após essas provocações, sempre preciso me concentrar pra voltar minha energia e prosseguir a atuação.

Ainda temos muito o que mudar, não é mesmo? 

Até a próxima atuação,
Bibi Oteca. 

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