Eeeita diário há quanto tempo sem escrever, há quanto tempo sem atuar também.... confesso que Marieta estava fazendo uma falta enorme, mas eu e meus companheiros estávamos tendo problemas com os compromissos diários estarem chocando com o nosso dia no HUT, mas faremos de tudo pra que isso não se repita, afinal não são apenas os pacientes e acompanhantes que precisam de nós, a necessidade de atuar também nos atinge todos os dias, saudades de ouvir histórias, fazer jogos, se emocionar, sorrir, receber lindos olhares, enfim é tanto coisa que faz falta, que poderia passar horas aqui só escrevendo sobre isso.
Mas finalmente conseguimos atuar de novo, e logo notamos que nesse tempo que nos ausentamos muita coisa havia mudado, novos funcionários, e o movimento de pessoas tinha aumentado bastante, o que trouxe algumas dificuldades. Primeiro tivemos que nos arrumar com o entra e sai de gente no quarto, depois esperar o pessoal sair para conseguirmos subir a energia, mas nada disso nos impediu de sair cheios de vontade para descobrir o que nos aguardava naqueles quartos e corredores.
Uma coisa que nunca vou me cansar é de ver o rostinho e os olhos surpresos das pessoas quando dão de cara conosco, é muito bom, é o que faz sua energia subir ainda mas e querer se aproximar daquela pessoa, e assim fizemos nos aproximamos e ali começaria nosso primeiro jogo. E logo no primeiro quarto que entramos encontramos uma senhora cheinha de vontade de desabafar, de ter alguém com quem compartilhar suas dores, o descaso que fizeram com o seu filho que estava no quarto quietinho, um moço de poucas palavras, mas a sua mãe falava por eles dois.
Ali nesse mesmo quarto eu senti o quanto essas pessoas precisam do nosso trabalho, aquela senhora só queria ter alguém que parasse um segundo do seu dia e a ouvisse, e ela falou tudo que estava guardado naquele coraçãozinho angustiado, dos longos dias de solidão, e de sofrimento, e nos agradeceu muito, com toda sua simplicidade e sinceridade por termos passado um tempo ali com os olhos atentos e o coração aberto para ouvi-la.
O nosso próximo encontro foi com um rapaz que desfilava com um vestido azul, mas ele apenas passou no quarto e foi tirar o seu figurino que segundo ele poderia causar muita polêmica. Mas logo ali na frente nos reencontraríamos com ele, e outro rapaz que se dizia balconista de farmácia mas pra mim ele era um comediante e tanto, rimos com as graças dele, e com sua coragem de ter enfrentado o poste com sua moto para saber quem era mais forte, resultado o poste quebrou as duas pernas dele, e apesar de ter perdido desafiou Sancho a pular do terceiro andar pra ver quem caia primeiro no chão, pense num moço maluquinho.
Em seguida encontramos uma senhora e seu filho no quarto, ela também precisava conversar como a maioria das pessoas ali precisa, era nítido o cuidado que ela tinha com seu filho, e o carinho existia entre eles, apesar de todas as dificuldades eles tinham muito que agradecer, aquele moço tinha escapado de um grave acidente, um história linda de sobrevivência que nos dá um incentivo ainda maior pra valorizarmos nossas vidas e as pessoas que amamos.
No outro quarto havia um pequenino que tinha acabado de vir de uma cirurgia, confesso que era quase impossível não se encantar com o seu jeitinho cheio de doçura, seu sorriso apesar de tímido era de uma sinceridade incrível, e seu relacionamento com a sua mãe também eram de uma lindeza sem fim. Para minha surpresa ao entrarmos no quartinho para nos trocarmos, Fabinho contou para mim e Dan que esse pequenino teria que amputar um ou dois dedos da mão, que necrosaram, nós já sabíamos que ele tinha sofrido um acidente sério devido a bomba que estourou na sua mão, mas desconhecíamos esse detalhe.
Confesso que esse último fato me deixou bem triste, por ele ser criança e sempre que vejo alguma criança passando por uma situação delicada penso que poderia ser a minha irmã ali naquela mesma situação, só espero que ele saiba lidar com a situação com toda a sua doçura, porque não tenho duvidas que apesar de tudo ele ainda terá muitos momentos de alegria em que aquele mesmo sorriso tímido poderá reaparecer e encantar a todos que tem a oportunidade de recebe-lo.
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