Acabei de atuar, corpo ainda tá quente e um pouco suado mas as memórias estão fresquinhas. Passadas quase duas semanas sem atuar,acordei com o telefonema de Dudu, pensei:"Caramba, tô muito atrasada", tomei um café rápido e me vesti correndo e lá estava eu para dar o melhor de mim. Não vou mentir que sempre que atuo bate aquela preguiça, aquela energia baixa, e na verdade hoje em especial estava indisposta por acontecimentos externos ao projeto, não posso negar que não queria atuar.
Nos trocamos ao som de "Eye of the tiger ", adoro o playlist do Dudu, o cara tem cada som divertido, tem de tudo. Mesmo levantando o nariz, ainda não tava feliz...Dudu, agora como Bartolomeu, começou puxando o jogo, eu não entrava, tava empacada mesmo, apenas deixei Bartolomeu conduzir aquela dança em que ele era muito rico e iria comprar o hospital e estava contratando o pessoal, e lá fomos nós atrás da mão de obra.
Já estava meio em baixa, mas não podia deixar transparecer. Quando penso que não Dudu estava nos levando a ala da pediatria, "Pronto...Ferrou de Vez ", este foi o pensamento. Não que eu não goste de crianças, mas tenho dificuldade em atuar com elas, elas não querem te agradar e nem vão jogar com você por educação, elas se entregam de verdade, uma verdade que assusta, porque tudo pode terminar uma grande merda ou um grande sucesso e eu não sei a fórmula desta variável. Sem contar que precisamos estar 100% presentes e com energia alta (como já disse...hoje eu acordei meio na bad), logo, tudo poderia dar errado...
Não sei em que momento a coisa começou a andar, que eu parei de pensar e simplesmente comecei a entrar no universo daquelas crianças, apenas sei que naquele instante me tornei a contadora de história de lindas princesas: Adriana tão linda e simpática, me cativou com aquele sorriso, a chamei de Ana; Juliana, uma menina muito linda que me fez pensar na doce Beatriz, branquinha, cabelo castanho e com seus 7 anos, nesta hora meu coração deu uma apertada... resolvi chamar de Elza, José Henrique, a criança mais linda e doce que me deparei ao longo destes quase 2 anos de atuação, lógico que ele iria ser Olaf; a pequenina Duda que me deixou cativar e ser cativada pela doçura e inocência de criança ela tinha que se chamar Ana, mas ela seria a Aninha por ela ser pequenininha, Pedro apareceu correndo todo de laranja, lógico que ele seria o nariz do Olaf que é uma cenoura; por fim bartolomeu que seria a rena- Sven pelo seu nariz redondo.
Foi uma atuação mágica de leva-los a cozinha e até, acreditem se quiser, conseguimos uma cenoura de verdade do hospital, estava tão docinha *-*
O pior mesmo foi a despedida, deu um abraço quentinho no nosso Olaf, a pequena Duda não queria me soltar e eu não queria solta-la, vê-la chorar pela nossa ida corta o coração.
Hoje venci um dos meus maiores obstáculos na UPI: atuar com crianças! Obrigada de coração a todas elas por me fazer lembrar o quão bom é pensar como criança, sorrir como criança e ser leve como criança.
Com carinho,
Cassandra Paçoca.
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