Essa foi uma atuação que valeu por uma sessão de academia. Mal tinha acabado de vestir meu figurino e já tava suado. A recepcionista até disse que eu parecia um sorvete derretendo. Respondi “Porque tou gostoso, né?”. O primeiro encontro no hospital já mostrou um Bartolomeu rico, milionário, formal, elegante (afinal, gravata na cabeça é um traço de fineza rara), um Bartolomeu que chegou pronto para comprar o hospital e queria falar com o dono. Como ele não estava porque nos disseram que ele estava de férias no Caribe, eu tive que contratar os funcionários um por um. Chamei logo a recepcionista para ser a minha vice-presidente, com salário de 15 mil reais semanais, 4 horas diárias, e com direito a 13º, 14º e 15º salários. Ela aceitou, e depois disso partimos para contratar novas pessoas.
Eu estava com saudade da ala pediátrica. Eu estava com saudade de começar jogos devagarzinho, pela janela, de ver os rostos curiosos das pessoas que se perguntam o que está acontecendo. Por isso, não tive vergonha de conduzir a linda da Cassandra Paçoca pra lá.
O primeiro quarto deu o tom da atuação inteira. Um detalhezinho que eu gostei desse primeiro quarto foi que eu consegui estabelecer contato justamente com a minha falta de idéias de criar um jogo: “Gente, o que se faz quando tá todo mundo olhando pra gente? Eu não sei, fico com vergonha, todo vermelho, olha só meu nariz como tá!”. Cassandra não perdeu tempo: tomou a frente, e pediu pra uma das meninas fazer tranças no cabelo dela. E aí começou: Cassandra feliz com o cabelo novo, pensando até em pintar, e aí fizemos uma enquete no quarto de enfermaria inteiro sobre qual deveria ser a nova cor: e acabou que o roxo ganhou! Assim, uma cor discreta. Conhecemos neste quarto também uma menina espiã-agente secreta, que tinha códigos de segurança ultra secretos escritos num adesivo que estava colado nas costas da mão. Combinamos nossas táticas secretas para realizar os planos secretos do governo. E então conhecemos a Elza. Foi aí que estabelecemos o jogo do Frozen que tomou conta da atuação inteira. Tinha a Elza, a Ana, a Aninha, o Olaf (o Olaf‼!), eu de Rena e a Cassandra como a Contadora de Histórias.
Com esse jogo, rodamos vários quartos. Conhecemos até um menino que virou a cenoura do Olaf porque estava todo de laranja. Fomos até a cozinha nos apresentando. Tivemos que ir pra lá porque a rena tava com fome e gosta de cenoura, e não podia comer o nariz do Olaf. O pessoal da cozinha entrou no jogo também e foram até descascar uma cenoura pra gente. E o medo começou a bater: galera, eu não gosto de cenoura! Eu já tava ficando ansioso porque achei que ia ter que comer cenoura, e meu deus, eu não queria! Felizmente, chegou uma enfermeira nos avisando que uma das crianças tinha que voltar pro quarto para tomar uma medicação. E o alívio bateu: “Ufa, escapei da cenoura.” Nos despedimos do pessoal da cozinha e voltamos todos pro quarto, e eu mais feliz ainda por escapar da cenoura. Mas não é que a moça da cozinha vem pra ala pediátrica com uma cenoura descascada pra gente? E ainda num saquinho! Eu pensei, “Pronto lascou, não tem pra onde fugir agora, vou ter que comer a danada da cenoura”. E não podia fugir não, eu pensei que o palhaço tem que dar o exemplo e comer as saladas. Tive que recorrer à malandragem: “Pois é galera, vamos todos comer essa cenoura aqui, é o presente da rena pra todo mundo do Frozen”. Só quem aceitou a cenoura foi o Olaf (um lindo!) e a Cassandra. E lá fui eu, dei uma mordida na cenoura com toda a teatralidade, com todo gosto que eu pude fingir ter, hahaha. “Hmmmm, que delícia”.
Gostei de todo mundo que encontrei na atuação. Mas o Olaf me marcou
especialmente. Fiquei feliz que ele teve alta no mesmo dia. A companhia
de Cassandra foi fundamental pra levantar meu ânimo em todos os momentos
que precisei, em todos os momentos que eu não sabia o que fazer, é a
melhor companheira.
Que massa! Deve ter sido maravilhoso.
ResponderExcluirAcho que eu poderia ter ajudado nessa atuação. Pelo menos eu adoro cenoura. xD