sábado, 4 de janeiro de 2014

Diário de bordo do Joaquim Marmiteiro – Sala verde HUT – 17/12/2013

Sabe que fazer esses relatos dá um grande trabalho. Mas, de qualquer forma, eu continuo fazendo questão de registrar tudo o que se passa nessas atuações, pois creio que assim posso trazer melhorias em algum setor em algum lugar desse mundo para um ser alguém qualquer. E é por isso que me dou o trabalho de ter o trabalho de registrar isso que não é um trabalho, mas um prazer.

Dessa vez, estávamos eu e a Raquel, apenas. A Bruna não pôde vir e a sua presença fez muita falta. Como era véspera de Natal, a minha amigável companheira impôs e pôs um chapéu de Papai Noel na minha cabeça. Ficou estranho, mas preferi não argumentar!

Ao chegarmos, um funcionário do hospital pediu para tirar uma foto conosco. Como nunca fazemos nada de graça, perguntamo-lo o que ele tinha a nos oferecer. Ele disse que nos daria uma radiação como pagamento. Não sabia o que era radiação e perguntei se o seu cheiro ou gosto se parecia com alguma coisa que eu conhecia. O sujeito nos disse que radiação não tinha cheiro nem gosto. Pedi ajuda para a minha companheira Toin-oin-oin e ela, pensando profundamente, disse-me que não valeria a pena, já que essa tal de radiação não tinha cheiro nem gosto. Saímos correndo para não levarmos radiação. Não gostamos de nada sem cheiro ou gosto. Tudo tem gosto ou cheiro de alguma coisa. Não é?

Logo depois, uma grande e temerosa surpresa: encontramos o suspeito. Na verdade, o suspeito nos encontrou. (O suspeito, se você não sabe, apareceu no meu último relato. Você deveria saber quem ele é. Descubra e me fale, eu quero descobrir também.) Ficamos tristes por saber que o veneno não era tão nocivo ao ponto de fazer mal a uma pessoa tão venenosa quanto o suspeito. E, de praxe, esse suspeito passou a nos seguir para onde quer que fôssemos.

Um pouco mais tarde, conhecemos uma moça que insistia em perguntar de qual grupo de teatro fazíamos parte. Dissemos a ela que não tínhamos grupo de teatro. E a gente também não fazia ideia de o que era um grupo de teatro. Contamos uma mentirinha: que o suspeito (mas não o chamamos de suspeito na frente dela) era o nosso empresário e que ela conversasse com ele. Depois de ela quase perder a paciência, a mensagem foi dada. Até hoje espero a resposta do suspeito.

E sempre existe uma pessoa que marca muito em cada atuação. Nessa, foi uma senhora que falava ao telefone. Ela tinha algumas escoriações e andava com dificuldade. Ela estava sentada. (Guarde essa mulher na sua memória que daqui a um parágrafo eu esclareço).

Quando estávamos prontos para pegar o trem de volta, chegou um senhor que, a meu ver, encontrava-se um pouco embriagado. E também se encontrava de muito bom humor. Ele ensinou a Toin-oin-oin a atravessar paredes. Não me pergunte como porque eu não aprendi. A Toin-oin-oin está aí para isso. E ela é boa de conversa. Perguntem a ela.

Passou um parágrafo: hora de esclarecimentos. Quando voltávamos em direção ao quarto em que nos maquiamos, passamos novamente por aquela senhora. No momento exato, ela tentava se levantar com o auxílio da sua acompanhante e com muita dificuldade. Eu, por impulso, estendi minha mão a ela e ela ficou de pé. Eu acho que nunca recebi um muito obrigado tão sincero como aquele. Ela vai ficar na minha memória.


E por aqui fica mais um pequeno relato desse universo tão vasto de belezas simples.


Joaquim Marmiteiro (William Araujo)

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