domingo, 16 de dezembro de 2012

João Canelão, 19/11/12

Diário de bordo 19/11/2012

Como deixar de ser arrogante.

Um dia me disseram que eu era arrogante. Mas que coisa! Como assim? Como uma pessoa, outrora tão alegre, sorridente, simpática, pode hoje ser chamada de arrogante? Será que eu realmente mudei? Será que perdi minha essência? E eu sou lá perfume pra ter essência?

Foi nessa busca de explicações que, por acaso, encontrei o clown. Nunca pensei que uma coisa tão singela como um palhaço fosse responder todas as minhas perguntas. Descobri que não havia perdido minha essência, apenas havia criado ao meu redor uma armadura. Um escudo. Um escudo forte de uma pseudo-arrogância e de uma enorme falsa auto-estima. Que me protegia. E que continua me protegendo. Afinal de contas não vivemos num mundo fácil. Não podemos demonstrar fraqueza. Não podemos titubear.

Um mundo onde, ao mero sinal de fraqueza, tem alguém para nos transpor uma espada. Por isso, continuo dependendo do meu escudo e não pretendo me livrar dele.

Entretanto, na palhaçoterapia, descobri um momento onde posso me desarmar, onde me sinto leve, sem armadura, sem espada ou escudo, sem mentira. Quando sou palhaço sou realmente eu, sou minha verdadeira essência e isso me faz muito bem. Acabo sendo o mais beneficiado dessa terapia. Me alimento dela. Sinto necessidade de atuar.

Infelizmente, não posso, nem devo transpor essa ausência de armas e defesas para meu dia a dia por que a toda hora descubro que o mundo é áspero, os mestres são frios e o café desce amargo.

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