terça-feira, 4 de setembro de 2012

Teca Lua Cheia - 3ª atuação HDM









- Que quer dizer cativar?
- É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. Significa "criar laços"...
- Criar laços?
- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

Trecho de O Pequeno Príncipe


Seria a minha primeira vez com Emmanuel e Richelle. Senti aquele velho friozinho na barriga. Emmanuel estava um pouco preocupado sobre como seria atuar com crianças, sobre a forma com que iriam receber o Juvenal. Acalme-se, menino! Deixe o Juvenal ser o Juvenal!
Atuar com crianças desperta em mim emoções muito confusas. Às vezes nós estamos numa energia muito boa e acabamos nos deparando com crianças que choram com a nossa presença e sentem medo da gente. Isso é horrível, isso me joga lá pra baixo. É uma coisa que ainda preciso desenvolver em mim: aceitar a rejeição. Se a pessoa não quer, não gostou, sente medo, não está a fim ou qualquer coisa desse tipo, eu preciso aceitar. Não adianta insistir, Teca. Se a pessoa não quer, é simples, não vá! Continue com o jogo, busque outras pessoas, vá por caminhos diferentes.
E foi exatamente isso que fizemos em vários momentos da nossa atuação. A primeira vez foi quando encontramos um menininho que chorou muito quando nos viu. OK! Vamos sair daqui. Bibelô Titchely teve uma sacada muito boa e se escondia toda vez que passávamos pelo menininho. No final das contas ele estava no colo da mãe indo atrás da gente pelos corredores e ficou nos observando na brinquedoteca.
A segunda vez foi quando estávamos na brinquedoteca com umas 3 crianças e uma delas também sentiu medo da gente. Ele se escondeu na barraquinha e ficou lá dentro por um tempo. Ficamos jogando com outro menino que estava fazendo umas pinturas bem legais. Depois de um tempinho o menininho da barraca saiu de lá, sentou no colo da enfermeira e ficou nos observando. Surgiu uma espécie de jogo com as bolinhas da barraquinha dele e ele ficou jogando essas bolinhas pra gente. Achei lindo presenciar essa transformação.
Apesar de todos esses momentos, quem mais me marcou hoje foi a Vitória. No início, ela também não gostava da gente. Quando a enfermeira perguntou pra ela se ela gostava de nós ela balançou a cabeça negativamente.  PÁ! Mais uma bofetada em mim. Mas Vitória não chorava. Ela estava com os olhinhos arregalados e sempre fixos na gente. Descobrimos que era o aniversário dela e fizemos uma grande farra ali, com parabéns e tudo mais. Todos do quarto cantaram pra Vitória, foi lindo. No final das contas, ela estava sorrindo pra gente e não queria que nós fossemos embora. Linda, não?
Por essas e outras que hoje eu comecei o Diário com um dos meus trechos favoritos do Pequeno Príncipe. Acho que ele descreve bem como foi o nosso dia.

Um forte abraço, Teca Lua Cheia. 

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