“Sem horas e sem dores,
Que nesse momento que cada um se encontra aqui e agora,
Um possa se encontrar no outro,
E o outro no um...”
(O Teatro Mágico)
Olá diário,
Estou muito
feliz de poder escrever-te para contar o quão lindos foram os meus últimos
dias. Arrisco-me a dizer que tenho dúvidas se Zefinha irá ter (em breve) o privilégio de tantos encontros como pôde ter em tão pouco tempo... Em meio a uma exposição
carregada de sorrisos, uma imensidão de pontinhos vermelhos armazenados em lindas
fotos (representando os nossos companheiros que não puderam estar lá) e “um
tantão” de energia transbordando delas, tivemos a honra de encontrar tantas
pessoas na Praça da Misericórdia, em Juazeiro-BA.
Encontrei a oportunidade de atuar três vezes durante esses dois dias. A primeira delas aconteceu
pela manhã do dia 07, na companhia de Mariqueta, Pedrinho, Frufruta e Rosinha
dos Retalhos. Pude encontrar
com a D. Maria que falava das dores causadas pelas veias estouradas, mas que não comprometiam o sorriso no rosto e a disponibilidade e abertura que ela tinha no olhar; a D.
Sandra que era modelo, mas se disfarçava de vendedora de bombons na praça (até
a filha dela entendia de moda, deu até um curso de como desfilar na praça); o Denilson,
jogador da seleção, que nos deu a honra de ver um gol ao vivo (Mariqueta era a
bola, enquanto Zefinha e Frufruta eram a trave); o Sr. João dos olhos azuis,
que no início não quis muito papo e depois acabou dando aulas de como pilotar uma
carroça (nessa hora Zefinha e Frufruta se transformaram em belos jumentos); a
Regina, que era mulher de um jogador do Vasco, tão descuidado que deixou ela
comer uma melancia INTEIRA.. coitada, mal conseguia andar com todo aquele peso (tivemos que explicar a ele como ser mais cuidadoso e atencioso com ela);
o moço que era piloto de avião, mas tava vendendo água de côco por uns dias... e com um abraço deu pra comprar um copo dos grandes; a moça super heróia, que tinha quatro pernas e um sorriso que hipnotizou todas nós; o seu Francisco, que pra ele tava tudo muito bom... até nos ensinou a nadar, quando descobriu que Frufruta só podia ser um peixe porque tinha nascido entre Juazeiro e Petrolina (em plena barquinha); Enfim... foram
tantos encontros que não conseguiria colocar todos aqui.
Na
tarde do dia 07, pude atuar com Zeca, Miojita e Lupita (que coisa mais linda
esses clowns!). Passei grande parte da
atuação com Lupita e após ganhar uns bons abraços, percebemos que algumas
pessoas não estavam entendendo muito bem a mensagem no nosso cartaz... liam e
passavam direto. Até que uma moça que já tínhamos encontrado nos chamou e
disse: “vieram me perguntar se vocês eram surdos, mudos, forasteiros.. se tavam
pedindo ajuda. Falaram que leram e não entenderam o que vocês queriam.” Olha
que povo doido, só tinha escrito ABRAÇOS GRÁTIS e não conseguiam entender...
Quando a moça explicou, eles correram pra nos dar um abração e pedir desculpas
por ter passado direto.
Nessa
parte do dia, nós encontramos o Sr. Galego vendendo picolés. Ele nos explicou o
que era mixaria, queria nos dizer que não era rico, não tinha dinheiro (mas
depois descobrimos que ele era mais rico do que pensava, pois nos deu picolés
para agradecer a conversa... ele deve ter pensado que riqueza tinha a ver com dinheiro... se confundiu todo);
quase morremos de medo de um cachorro super bravo que instalava o terror na
praça; fomos ao casamento de Miojita; casamos com Zeca (é, um casório triplo);
encontramos uma vovó linda que ia nos dar uma palmadinha pra não bagunçarmos,
mas acabou dando um abraço daqueles quentinhos de vó! Aaahh, que delícia!
Já no
dia 08, a atuação foi a tarde junto aos companheiros Magali, Mariqueta, Hércules,
Rosinha das Alturas e Lupita. Logo de início encontramos um grupo de “Homens bananas", ou era alguma coisa dos bananas de
pijamas.. não sei. Eles nos informaram que aquela era a praça da Miséria com
corda que tanto procurávamos. Ao chegar ao centro dela, nos deparamos com um
Castelo e dentro dele um lindo príncipe chamado Luís (que estava fingindo
brincar, pra que ninguém invadisse sua casa).
Nos dividimos
em duplas e passei a atuação na companhia de Hércules. Logo encontramos uns
rapazes sentados no banco que estavam vendo o tempo passar e, pelo que
disseram, passavam o tempo todo vendo o tempo passar; após algum tempinho percebemos
um grupo recolhendo algumas coisas e ao perguntá-los o que seria, nos disseram
que era papelão para fazer sopa (isso mesmo, sopa... falaram até os
ingredientes, que era uma delícia). Só depois de algum tempo eles nos disseram
a verdade: eram salvadores do planeta, estavam ali todos os dias a tarde e
recolhiam cerca de 7 mil toneladas de papelão pra reciclar e proteger o
planeta... eu e Hércules ficamos impressionados em conhecer esses heróis. Saímos contando a quem encontrávamos pela frente!
Depois disso,
nós encontramos uma senhora bem simpática que nos falou um pouco sobre
Petrolina e Juazeiro, como eram cidades tão próximas e tão diferentes; tivemos
a honra de conhecer o Davi, um bebê lindo que sorria por qualquer coisa e só
bastou estender os braços pra que ele viesse pro colo e “voasse” direto no
nariz de Zefinha (foi por pouco..kkkk); não posso esquecer da moça do guarda
chuva fashion, que mora em Salgueiro (uma cidade onde parece que tudo é de sal,
mas que ela disse que é bonita e tem muita vaquejada) e da outra que nos contou
que há uma parte mais divertida de Juazeiro que fica do outro lado da banca
(pense numa banca grande.. nunca nem tinha visto).
Enfim,
partimos para o rodeio que nos esperava e pudemos concluir essa atuação tão
linda e ao mesmo tempo leve!
E posso definir "leveza" como núcleo desses dias... pois foi exatamente assim que pude me sentir ao ver cada um daqueles olhares, sorrisos e abraços. Ao ver que me sentia mais segura nesses dias, ao poder sentir o quão lindos são nossos monitores ao nos passar tanta confiança e força num único olhar, e principalmente... ao ouvir tantos "obrigado(a), vocês não sabem como isso faz bem!" após um abraço apertado.
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