quarta-feira, 9 de abril de 2014

Esperança Sambacanção - Maternidade de Juazeiro - 8 de Abril

Chuva no sertão (Donaldo Santos Jr.)

Depois que a chuva cai no meu sertão.
Os pássaros cantam alegres 
Que emoção...

Agradecendo ao Criador,
Por trazer esta água abençoada,
Brotando com toda força a invernada...

As árvores agradecem 
e presenteiam nos com sua flor
Que vão brotar novos frutos com sabor,
Alimentando a bicharada
Matando a fome no sertão,
Fazendo brotar vida de montão...

Chuva
Cai abençoada,
Molha nossa terra arada,
Faz essa semente 
Brotar frutos para a vida,
Faz a nossa gente mais feliz...

Nos hospitais da vida, cada um de nós somos semente...


E foi assim, comandados pela chuva, que acabamos felizmente mudando nossa rota, não podíamos mais montar a exposição na praça porque estava tudo molhado, e agora nosso destino seria a maternidade. Preciso assumir que só me dei conta que seria minha primeira atuação no hospital quando já estávamos dentro da salinha da diretoria vestindo nossos trajes, demorei pra digerir a ideia de que, sim, aquela era a minha primeira atuação dentro de um hospital (por mais podada que fosse, mas era...). Minha cara típica de desespero já havia se instalado e meus companheiros como sempre me perguntando se eu estava bem; bom, beeeem, beeeem, beeem, eu não estava não, mas era o que tinha para aquela manhã, quem inventa de entrar na UPI tem que está preparado pra tudo que surge, e é preciso dizer sim muito antes de subir o nariz, os jogos podem começar a qualquer momento, e a gente precisa estar preparado, ou não, eu não estava, mas pulei no vazio.
Combinamos com nossos monitores que não entraríamos nas enfermarias, e que nossa atuação se resumiria as recepções e corredores da maternidade e assim fizemos. Sai na companhia de Mariqueta Boabunda  que como eu procurava se enquadrar naquele novo ambiente, e com Rosinha das Alturas que com toda  a sua leveza esteve conosco em cada momento, dividindo cada jogo e nos deixando ir por onde podíamos; os jogos surgiram de forma muito natural, tivemos contatos com inúmeras pessoas, e na grande maioria elas estavam abertas ao jogo, o que me deixou um tanto aliviado.
 Gestantes, médicas, recepcionistas, enfermeiros, bebês e suas incubadoras, acompanhantes, sorrisos, choros, e sem dúvida muito aprendizado, posso dizer que o primeiro contato com o hospital foi positivo sim, e que venham os outros.
Para o núcleo do dia escolhi “Banana da terra”, uma fruta que as mulheres da maternidade adoram (palavras das próprias) e que quando comem geram uma espécie de inchaço na barriga, que chega a se assemelhar a uma melancia presa no abdômen por cerca de nove meses, mas que se você tirar a semente da banana antes de comê-la, você pode usa-la tranquilamente, sem medo dos efeitos colaterais, (palavras de uma médica que a gente encontrou nesses corredores da vida, e que aqui pra nós, valia mais do que todos seus anéis, sandálias e brincos de ouro.)

“E quando a chuva aparece
Até o pó vira lama
O Galo volta a cantar
O gado come na rama
Tendo chuva, tem fartura
Arroz, feijão e mistura
Toda noite amor na cama

E com chuva no Sertão
A natureza floresce
O sertanejo se alegra
E da mulher não se esquece
Não liga mais pra fraqueza
Nove meses, com certeza,
Menino novo aparece!”


Paulo Gondim

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