terça-feira, 27 de setembro de 2011

Lisbela Duracell, 24.09.11

Várias coisas me deixaram muito angustiada sobre a importância da palhaçoterapia e sobre meu comportamento de uma maneira geral. Confesso que isso influenciou bastante em como cheguei para a atividade no sábado. Depois de uma aula "linda" no laboratório de microscopia.
Cheguei muito cedo em relação ao horário marcado. Fiquei nas cadeiras esperando. Mas sabe quando você sente uma energia imensa te invadindo? Foi a sensação incrível que senti quando vi e senti toda certeza de Hortis sobre a atividade. Ai começaram os velhos sintomas de ansiedade sobre o que seria desenvolvido. Mesmo com a atividade do shopping, ainda não conseguia palpar minhas esperanças em relação ao hospital.
Depois de cumprir a rotina de "visitar o sistema" e verificar as possibilidades de a atividade ser iniciada, fomos ao quarto mágico. Hortis, Wagner, Cris (que não tinha levado o nariz e que por isso iria ficar de fotógrafa) e eu. As roupas foram sendo dispostas, as pinturas em seus lugares (ainda precisamos ver alguns detalhes organizacionais que ajudarão nessa etapa) e os clowns, meus, com certeza, melhores companheiros do mundo, aos poucos, se mostrando, cada um ao seu tempo. Uma delícia. Armamos um esquema para sair do quarto e procurar outro lugar seguro. Encontramos uma sala com quatro figuras incríveis. Não preciso descrever os problemas de cada um pq não precisei perguntar e foi emocionante. Encontramos Joelma, as torres da tim caídas que deram o problema de sinal na cidade inteira, abaixamos a pressão de uma acompanhante, organizamos um desfile para um casamento, o Satanás entrou e saiu do corpo, dançamos musicas com um membro só, coletamos e compartilhamos o pum mais terrível que já sentimos. Foi o bicho. Saímos com uma sensação agradabilíssima. Encontramos um personagem no corredor e começamos a seguir. Isso nos levou a um quarto que não tinha sido combinado. Encontramos um cara que perdeu um feijão por causa de uma bala de morango. Um caso muito complicado. A mãe do rapaz era agricultora e teve que colher um feijão do cérebro de Zeca para o rapaz engolir e nascer um novo feijão. E a senhora do outro quarto teve que dar excremento para adubar o feijão. E a mãe prometeu que o rapaz iria ficar longe de balas de morango e de hortelã. Só iria poder chegar perto de chiclete.
Ao lado desse leito tinha um menino, que pelo que Wagner disse, pssivelmente não voltará a ter todas as funções normais. Bom, brincamos e tal, mas sentimos falta de ter jogado mais com a mãe do garoto. No momento não conseguimos perceber que ela era que precisava do jogo. Miojita até iniciou uma conversa nesse sentido, mas não comprei o jogo de forma verdadeira.
Fomos para o quarto da frente e nesse, foi mais delicado. O senhor que estava acordado estava com problemas de canivetes da hérnia e sofria com o flamengo que já não esta mais nem na segunda divisão. Ao lado dele dormia uma múmia que usava uma máscara de abóbora na cara e que logo depois começou a falar e comprar o jogo. Mas nele residia a fragilidade daquele momento. Impossível não perceber a gravidade do acidente. Ele estava ali a dois meses e num simples movimento que fiz de ajeitar o lençol ele gemeu de preocupação de que outra parte fosse atingida. Wagner até comentou que o fato de as pessoas não imaginarem que somos alunos de saúde poderia contribuir para isso e no caso do rapaz, a fragilidade do toque que pode provocar dor. Não sei se esta compreensível, mas ele sentia dor antes mesmo que alguém o tocasse. A irmã do rapaz apareceu na cena vindo do banheiro. Mas uma coisa nela me incomodou profundamente. Ela não respeitava o fato de sermos "palhaços". Só via pessoas tentando fazer coisas engraçadas para o irmão. Tentou participar da brincadeira, mas em determinado momento ela puxou o "nariz" de Zeca e aquilo quebrou meu jogo. O fato de não poder tocar no rapaz também me atingiu. Me senti reprimida pela menina nos cuidados com o irmão. Ele estava no jogo, mas ela não estava verdadeira no jogo. Depois disso fomos atrás da prancha para encontrar o ônibus e ir de volta pra casa.
Numa avaliação geral, gostei muito do que foi desenvolvido. Mas soube de um comentário de que o pessoal do primeiro quarto estava muito mal humorado e o pessoal estava com dificuldade sna hora dos medicamentos. Senti uma imensa alegria qd sai do primeiro quarto. E o mais engraçado é que jogar com o adulto é tão gostoso qt jogar com a criança.

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