terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Berta Testa, 6 de dezembro de 2019, 2° andar do HU

O que eu tô fazendo?
Esse período foi muito doido, muito mesmo. Eu estava quase abandonando tudo porque nada espera você ficar melhor, você tem que dar seu jeito de acompanhar. Mas, eu não dei e fui atropelada. E foi uma sensação terrível de insuficiência e desencaixe.
Graças a Deus, agora eu tô melhor e pretendo me restabelecer, como tenho feito.
A UPI não saiu do bolinho de coisas que foram afetadas pelas situações adversas da vida, e agora, mais que nunca, sei da urgência de correr atrás do que eu não fiz.
Ir pra a atuação com a cabeça no lugar foi outra coisa, matar a saudade de estar com as meninas, de poder conversar com as pessoas no HU e ter momentos que só a UPI proporciona...
Nós conversamos, ouvimos e brincamos.
Mas, eu acho que o que mais me marcou foi a senhora que conversamos por último, ela tinha 92 anos, Bumbum Tijão segurou na mão dela durante toda a conversa, Lana Pijama viu nela sua vida e eu morri de amores. Ela conversou bastante com a gente, falou de seu filho adotivo, como ela gosta muito dele e deu sorte de ter tido pessoas tão boas, e eu torci tanto por ela e, no fundo imaginei como seria quando ela saísse e estivesse bem, porque ela me contou coisas que queria fazer, lugares que queria visitar e eu desejei do fundo do meu coração que ela conquistasse isso tudo. 
Quando fomos nos trocar, Angel nos disse que ela tinha um câncer e provavelmente não ia se recuperar, eu fiquei muito triste, mas ela também disse que as coisas são assim mesmo e que ela ainda assim, foi agraciada com as coisas que teve até ali, me acalmei um pouco, é verdade, 92 anos. Eu espero que dê tudo certo, porém, sinto que no fundo, já deu.

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