Estar no setor é sempre uma mistura de sensações, daquelas que valem a pena serem sentidas. A atuação foi tranquila, aguçando nossa especialidade clownesca de ouvir histórias. Ao lado da minha melhor companheira Inês, aprendi lições vindas dos pacientes, do tipo "fumar faz mal pra circulação. Não fume, viu, minha filha?!". Foi tão bom pode conversar com aquelas pessoas, ter um tempo com elas. O que falar do senhorzinho alegre e cheio de histórias que circula pelos corredores com a sua moleta? Ou da senhora de olhos miúdos, pouca audição e sorriso largo e sua filha de cabelo rosa encaracolado feito uma mola? Enquanto jogávamos com outro paciente conversador de olhos azuis e seu pai, um senhor fofo também de olhos azuis que dava vontade de levar pra casa, pude ouvir de relance a senhorinha perguntar "quem são essas mocinhas?" e a filha responde "ah, mãe. São aquelas pessoas que vem levantar quem está pra baixo, que vem alegrar as pessoas." Deixei ali escapar o meu sorriso com o coração satisfeito por perceber nelas o riso sincero de quem agradece. Em outro quarto, foi reconfortante reencontrar o "paciente dos ratos" da atuação passada e sua filha de olhos claros sorridentes. Ele sempre brincalhão, ela sempre aberta ao encontro. Foi bom, muito bom.
Uma coisa que me chamou a atenção, e achei até engraçado, foi o que ouvimos por parte de duas pessoas (um paciente e um acompanhante) de diferentes quartos, que disseram a mesmíssima coisa: "Obrigado, viu?!", e nós "pelo que?", eles "pela palestra". Palestra? Sim, foi assim que eles definiram, apesar de ter sido nós quem ouviu e aprendeu com as histórias de cada um deles. Eles insistiram em agradecer por estarmos ali, por fazer esse "trabalho". Cara, como isso é bom! É demais saber que estamos proporcionando nem que seja um pouco de alívio, um pouco de cor ou um riso (mesmo tímido) numa tarde de rotina hospitalar, com toda a sua carga. Nós sempre somos os primeiros a serem afetados por tudo isso e quando há esse retorno a beleza se faz ainda mais presente.
Obrigada, Magali! Obrigada, UPI!
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