Esse é o diário de bordo da minha melhor atuação. Sem
qualquer dúvida. Desde os tempos de formação, passando pelas dificuldades
iniciais e pela oficina de aprofundamento, essa atuação foi simplesmente a
melhor de todas. E vou deixar bem claro o porquê.
Na ocasião, estávamos eu, a Bruna e a Raquel. Lembro-me que
logo de imediato um sujeito, um tanto quanto suspeito, ficou nos seguindo. Era
como se ele observasse o nosso jogo de perto. Talvez por causa disso tivemos uma
demora para pegar o ritmo.
Uma das pessoas que nos ajudou a funcionar foi um senhor que
estava deitado na maca de uma maneira nada convencional: ele tinha seu braço
direito apoiado em sua testa e sua perna esquerda descansando em sua perna
direita. Parecia uma pose de fotografia. Foi só imitarmos sua pose exótica que surgiu
uma pessoa para tirar uma foto. Depois dessa foto, mudamos todos para as
imagens opostas à da foto anterior e fomos pegos por outro flash. O sorriso desse
senhor foi de uma sinceridade incrível. Estávamos pegando no tranco...
Já na sala verde propriamente dita, uma outra pessoa me
chamou a atenção. Um indivíduo que só ria e não falava. Perguntamo-lo, então,
se ele sabia falar. A resposta foi um “mais ou menos” conjugado com um sorriso zombador
e ao mesmo tempo vergonhoso. A partir de agora, tínhamos como amigo o senhor
Mais Ou Menos.
Certo. Enquanto conversávamos ainda mais com o senhor Mais
Ou Menos, aquele cara (o suspeito do início) continuava a nos seguir. Pedimos
ao Mais Ou Menos que nos protegesse, e um jogo se instalou. A tristeza era que
o Mais Ou Menos só nos protegeria de uma forma mais ou menos.
Nessa brincadeira, notamos uma senhora chorando no leito ao
lado. Por incrível que pareça, ela chorava de rir. O nosso diálogo mais ou
menos com o Mais Ou Menos havia contagiado outros espaços. E o suspeito
continuava à espreita...
Brincamos com a senhora que o nosso serviço estava de ruim
qualidade, uma vez que estávamos trazendo tristeza ao espaço ao invés de
alegria. Ela se acabava de rir. Pedimos então que ela nos auxiliasse a tirar de
perto aquele suspeito, e essa senhora nos doou uma bala, na qual colocamos um
veneno. Amigavelmente, demos a bala para o suspeito que, por magia da fantasia,
começou a passar mal (de brincadeira, gente, calma!). O Mais Ou Menos ria um
pouco mais que mais ou menos, a senhora chorava de rir e eu e minhas
companheiras nos encontrávamos numa situação de EXTREMA verdade. Eu nunca havia
me sentido tão entusiasmado assim. Parece que todos na sala haviam entrado na
brincadeira, e todos riam do fato de estarmos sendo perseguidos pelo suspeito.
Todos nos ajudavam a nos esconder dele. Inesquecível.
Acho que a graça do palhaço de projetos da palhaço terapia está
em estar com o paciente em qualquer ocasião, circunstância ou lugar. Dar a ele
um auxílio, que pode ser um sorriso, umas palavras, um olhar, ou um riso. Ressalto, contudo, que o riso é só um coadjuvante nesse caso. A verdade é que é a protagonista. Com ela, tudo é natural, tudo é claro. Tudo acontece como é
necessário que aconteça.
Aprendi a ver o além-físico das coisas. E afirmo, com toda a
autoridade, que o além-físico é tão importante e bonito quanto o físico, que é tão ovacionado e adorado por (quase) todos.
E o por que de essa ser a minha melhor atuação? Foi
porque nela é que cheguei à pureza das conclusões acima elucidadas.
Joaquim Marmiteiro (William Araujo)
botei fé viu... até me identifiquei.... parabens!!
ResponderExcluirParabéns Joaquim Marmiteiro,....excelente postagem, que bom que este projeto está lhe mostrando conclusões tão importantes....como esta do além físico...abraço/Theo
ResponderExcluirNossa melhor atuação! Vc conseguiu descrever muito bem o que aconteceu Will! Foi lindo, contagiante, bom demais! que venham muitos outros dias assim! *-*
ResponderExcluirValeu a marmita! Abração!
ResponderExcluirMarcos Rassi
Meu irmão, quanta legitimidade em suas palavras. Ouvi você contando essa história.
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