sábado, 24 de novembro de 2018

Vivi Ajante, 1º andar HUT - 21/11/18

      Passei um tempo encarando essa página em branco, tentando pensar em algo para escrever (me deu aquele bloqueio básico) e então uma frase do Neil Gaiman ecoou na minha cabeça e percebi que ela basicamente resume como venho me sentindo desde a última vez que atuei:

"Acho que prefiro me lembrar de uma vida desperdiçada 
com coisas frágeis, do que uma vida gasta evitando a dívida moral."

          E o que é mais frágil que estar vulnerável para outras pessoas, que dividir sonhos, coisinhas secretas que vagueiam nos nossos corações? O que é mais frágil que mostrar sua própria essência, descobrindo coisas sobre si mesmo que nem você fazia ideia? Eu não sei... Estar de volta atuando me traz uma série de reflexões sobre o impacto que a nossa presença pode ter na vida de alguém, ainda mais em um ambiente hostil como o hospital. O que eu posso dizer com alguma propriedade é que não importa o quão incrível você seja, às vezes simplesmente a sua energia não vai se fundir com a energia do outro, às vezes as coisas podem estar em vibrações diferentes e tá tudo bem. Ser frágil também pode revelar uma força interior até então desconhecida. Corações são tão frágeis e mesmo assim, o que pode ser mais forte do que ele...

                  "...que se quebra em tantas partes e ainda continua batendo..." - Rupi Kaur

          Seja pela despedida de um sonho que já não faz mais sentido para a vida que você escolheu levar, seja por um ente querido que já não está mais nesse plano, uma amizade que você abriu mão, seja por um amor que poderia ter sido, mas não foi... 
Lidar com coisas frágeis é a minha especialidade e mesmo correndo o risco de ser enquadrada nas possíveis projeções (boas ou ruins) que alguém possa criar, prefiro me lembrar de uma existência finita onde eu me joguei nas infinitas possibilidades de sonhos, amores, e experiências do que gastar esse tempo precioso me lamentando pelas coisas que não realizei por receio de como os outros reagiriam (ou o que falariam). 

         Essa forma de enxergar a vida foi inclusive um dos catalisadores para que eu entrasse na UPI. E no diário de bordo dessa semana, inaugurando um novo semestre de atuações, evoco os finais porque eles ecoam recomeços! Afinal, estações vem e vão... Manter a energia em movimento é o meu mantra! E falando em energia, foi divertido me reinventar em um ambiente diferente com essas meninas do meu lado. (E com o meu narizinho novo com cheirinho de balão!! ❤️)


Fomos à praia, teve desfile de moda (Tutu Florazul foi eleita a mais fashionista) Gigi Abacaxi se fez de tímida, mas resolveu se candidatar à prefeitura de Fortaleza, e Rute Tutti-Frutti disse que eu pareço o coelho de Alice no País das Maravilhas. (Eu meio que concordo, mas também acho que sou muito o Gato de Cheshire...) 
Ahhh sem falar dos conselhos amorosos que recebemos de uma das pacientes...Foi um recomeço com tanto embalo que nem vi as horas voarem.

Por fim, me despeço do diário dessa semana com um sentimento:
Voltar a atuar é a toca do coelho que me transporta semanalmente para situações que externamente são completamente banais, mas ao submergir nelas, você pode enxergar o quanto são fantásticas. 
     


                                                                            ❤️🔴





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