segunda-feira, 1 de julho de 2019

Karlinha Pintadinha, 1° andar HU, 29/06/2019


Veja bem, meu bem, a gente se perdeuVeja bem, meu bem, ainda sou só seuE eu ainda espero e agora eu só queroUm novo ciclo pra poder aliviarTodas as dores que passamosE fortes nós fomos ficandoE dizem eles que agora nós somos só restos do que ficou

Eu estava cantarolando essa música na  cabeça desde o dia anterior, pensando na minha primeira atuação e como seria e como eu iria me sentir e se eu iria conseguir pelo menos ir e passei a noite inteira tendo aquelas crises de pânico que vem se fazendo cada vez mais presente nos últimos meses, e ela diz um pouco de como ando me sentindo nesse último mês. Eu me perdi de mim, minha doença veio me mostrar que preciso me reencontrar e me questionar, buscar o sentindo e a motivação das coisas novamente e principalmente das coisas que eu amo fazer e que fazia com tanto prazer e dedicação. O que se perdeu? eu ainda não sei mas venho me perguntando isso há dias, espero encontrar essa resposta. 

Basicamente há pelo menos um mês que eu não saia de casa, nem mesmo para ir a aula, ir a academia, ir a padaria, não sozinha, não me sentia capaz e esse sentimento vinha me perturbando e me apavorando mais a cada dia, o pensamento de " meu Deus, será que eu nunca mais vou ser normal, vou viver assim pra sempre? ", mas esse sentimento me apavorava e ao mesmo tento me provocava e decidi que iria retomar aos poucos as minhas atividades, tentei ir para a aula a semana inteira, mas não tive sucesso. A única coisa que me tirou de casa, que me fez enfrentar esses sentimentos, pensamentos e sensações foi a UPI, foi eu sentir que queria voltar a me sentir como na formação, como me sinto na companhia dos integrantes ( OS MELHORES COMPANHEIROS DO MUNDO), e eu enfrentei toda a sensação que me fazia ter vontade de desistir, me fazia ter vontade de enfrentar uma desculpa, me fez ter vontade de enfrentar. Não foi fácil, em vários momentos eu tive vontade de sair correndo, de ir embora, de descer aquelas escadas e sumir, mas eu não fiz isso.

Foi extremamente importante pra mim, me sentir capaz novamente, me sentir viva e a cada quarto que a gente visitou, uma luz aqueceu o meu coração. Ver a força daquelas pessoas, ver como elas se mantinham firmes mesmo passando por todos os problemas da vida. Desde o senhor que amava mamulengos e que nós fizemos ele lembrar da sua infância, até a senhora que nos pediu desculpa por não conseguir sorrir porque estava com muitos problemas mas pediu para que nunca parássemos de fazer esse trabalho e levar alegria para as pessoas, pediu para que nós orássemos por ela e sua família e nos emocionou muito e me tocou profundamente, desde então ouço a sua voz falando essas palavras. 

Só tenho que expressar minha imensa gratidão a esse projeto lindo e os meus companheiros, os melhores companheiros do mundo, que seguraram minha mão e me compreenderam nesse processo. Mais uma vez, gratidão por tudo.

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