Estamos crescendo! Essa foi a
sensação que tive nessa tarde de quarta-feira... Crescer dói, às vezes, mas é
um processo cheio de beleza. Essa seria finalmente a primeira vez que Magali Malagueta e
Pedrinho Palito iriam atuar sozinhos, caminhando crescidinhos pelos corredores do
hospital, e digo uma coisa: foi bonito de se ver.
A energia estava boa, o clima
agradável. Tive que me despir de pesos pra estar ali por inteiro, me propus a
querer cuidar do outro, a encontrar, a tocar e ser tocada. Os resultados foram
leves, pois ficou a sensação de que dei aquilo que poderia oferecer no momento.
Na semana anterior eu não estava bem, não consegui atuar, peço perdão aos meus
melhores companheiros por isso. Mas eu fui sincera comigo mesmo, não conseguiria
cuidar do outro se era eu quem precisava de cuidados. Mas... Aos poucos a gente
aprende a lidar com aquilo que nos tira o sono e percebe que a vida deve
continuar, percebe que o futuro não nos pertence e que as nossas escolhas constroem
o caminho pelo qual iremos passar. Por isso eu estava ali de volta, com aquele
ponto vermelho no rosto e com a disposição crescente em deixar um pouco daquele
brilho que vi refletido nos meus olhos em cada quarto no qual eu entrasse.
E assim fomos. A cada quarto uma
sensação diferente, olhares diferentes, histórias diferentes. Encontramos logo
de cara alguns pequenos astronautas deitados descansando em suas naves,
aconselhamos suas mães a prestarem bastante atenção pra que eles não partissem
em direção ao espaço. Evitamos algumas
daquelas moças que gostam de furar que passavam pelos corredores, fizemos artes
ao andar por lá, quase subindo pelas paredes a fim de obedecer as placas de “cuidado”
espalhadas pelo chão. Evitamos um quarto também, o clima lá não estava nada
legal, talvez a nossa presença não fosse bem vista. Um dos momentos mais lindos
que tivemos foi ao observarmos pela vitrine da sala VIP, onde ficam os bebês
mais chiques em cabines especiais. Os olhos marejados da mãe ao olhar pra
aquele pedacinho de gente que saiu dela, tão doce e de pele clara como a neve,
contrastando com cabelos cheios e escuros, que estava sendo cuidado pelo pai lá
dentro da sala. Ela disse que o umbigo da sua filhinha estava prestes a cair!
Fiquei meio assustada com essa possibilidade e de imediato segurei o meu, não
me agrada a ideia de ficar sem umbigo. A parte difícil foi saber lidar com uma
mãe que tinha o filho bebê na UTI, ela o deixava lá e dizia que não sabia se
ele sairia de lá, pois a maioria não sai.
Durante praticamente toda a nossa
atuação e no caminho de volta pelo corredor fomos acompanhados por duas mães, o
que acabou sendo um dos nossos “que pena” do dia, pois isso interferiu nos
nossos jogos e não soubemos lidar muito bem com isso. No mais, foi uma tarde
marcante e que deu novos ares à minha semana. A Magali estava de volta, me
mostrando mais uma vez como é importante fazer da queda um passo de dança. Levo
isso pra vida.
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