segunda-feira, 14 de julho de 2014

Magali Malagueta, Hospital Dom Malan, 02 de julho de 14


Estamos crescendo! Essa foi a sensação que tive nessa tarde de quarta-feira... Crescer dói, às vezes, mas é um processo cheio de beleza. Essa seria finalmente a primeira vez que Magali Malagueta e Pedrinho Palito iriam atuar sozinhos, caminhando crescidinhos pelos corredores do hospital, e digo uma coisa: foi bonito de se ver.
A energia estava boa, o clima agradável. Tive que me despir de pesos pra estar ali por inteiro, me propus a querer cuidar do outro, a encontrar, a tocar e ser tocada. Os resultados foram leves, pois ficou a sensação de que dei aquilo que poderia oferecer no momento. Na semana anterior eu não estava bem, não consegui atuar, peço perdão aos meus melhores companheiros por isso. Mas eu fui sincera comigo mesmo, não conseguiria cuidar do outro se era eu quem precisava de cuidados. Mas... Aos poucos a gente aprende a lidar com aquilo que nos tira o sono e percebe que a vida deve continuar, percebe que o futuro não nos pertence e que as nossas escolhas constroem o caminho pelo qual iremos passar. Por isso eu estava ali de volta, com aquele ponto vermelho no rosto e com a disposição crescente em deixar um pouco daquele brilho que vi refletido nos meus olhos em cada quarto no qual eu entrasse.
E assim fomos. A cada quarto uma sensação diferente, olhares diferentes, histórias diferentes. Encontramos logo de cara alguns pequenos astronautas deitados descansando em suas naves, aconselhamos suas mães a prestarem bastante atenção pra que eles não partissem em direção ao espaço.  Evitamos algumas daquelas moças que gostam de furar que passavam pelos corredores, fizemos artes ao andar por lá, quase subindo pelas paredes a fim de obedecer as placas de “cuidado” espalhadas pelo chão. Evitamos um quarto também, o clima lá não estava nada legal, talvez a nossa presença não fosse bem vista. Um dos momentos mais lindos que tivemos foi ao observarmos pela vitrine da sala VIP, onde ficam os bebês mais chiques em cabines especiais. Os olhos marejados da mãe ao olhar pra aquele pedacinho de gente que saiu dela, tão doce e de pele clara como a neve, contrastando com cabelos cheios e escuros, que estava sendo cuidado pelo pai lá dentro da sala. Ela disse que o umbigo da sua filhinha estava prestes a cair! Fiquei meio assustada com essa possibilidade e de imediato segurei o meu, não me agrada a ideia de ficar sem umbigo. A parte difícil foi saber lidar com uma mãe que tinha o filho bebê na UTI, ela o deixava lá e dizia que não sabia se ele sairia de lá, pois a maioria não sai.

Durante praticamente toda a nossa atuação e no caminho de volta pelo corredor fomos acompanhados por duas mães, o que acabou sendo um dos nossos “que pena” do dia, pois isso interferiu nos nossos jogos e não soubemos lidar muito bem com isso. No mais, foi uma tarde marcante e que deu novos ares à minha semana. A Magali estava de volta, me mostrando mais uma vez como é importante fazer da queda um passo de dança. Levo isso pra vida. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário