sexta-feira, 8 de junho de 2012

Lisbela Duracell, 30-11-2011






Em um dos raros dias que acordo de madrugada para ir à facules encontrei, andando na calçada do hospital, uma linda senhorinha de uns 60 anos. Ela não sabia como fazer para chegar à feira da Areia Branca. Precisava comprar bejú porque não queria mais a comida do hospital. Disse que não reconhecia mais o caminho (com a instalação do prédio da UNIVASF). Um detalhe é que ela não escutava bem. Ajudei. Indiquei um caminho.
Bom, um, dois dias depois, cheguei ao hospital para atuar com Miojita. Como estava próximo ao Natal, levei um “chapéu” de “Papai Noel” para, caso tivesse oportunidade, utilizá-lo no dia. Pendurei na saia vermelha de Mió. Saímos da salinha. Lembro-me de ter me emocionado muito com uma senhorinha linda, de cabelos brancos, que encontrei perguntando por um palhaço (Zeca Manivela), dizendo que estava com saudades, que não tínhamos mais voltado. Realmente, por conta do período de final de semestre, ficaram mais raras as idas ao hospital. É o caminho. Um projeto novo e estávamos aprendendo a responsabilidade que não cabe no relatório mensal, a responsabilidade do vínculo, do encontro, a responsabilidade de reconhecer que às 17h, em algum lugar do hospital, alguém estará esperando do acaso, que às 18h “eles apareçam” e “iencham” quartos e corredores.
Nesse mesmo dia, em outro quarto, encontramos um senhor muito bonito, com visíveis marcas do tempo e da vida na face. A esposa dele estava sentada em uma cadeira na lateral. De repente, a mulher avistou o chapéu preso na saia de Mio e comentou que o queria (ela pediu). Nós argumentamos que o chapéu era para o Papai Noel. Ela insistiu que o queria muito. Entregamos a ela o chapéu. Ela agora era a Mamãe Noel. E advinhem quem era ela? Também demorei um pouco para reconhecer. Convidamos a Mamãe Noel para visitar outros lugares, desejando um Feliz Natal a todos e tal. E surgiu, em algum lugar, um estímulo musical. A Mamãe Noel começou a cantar e dançar umas musicas típicas de rodas de São Gonçalo.
 Menina, quanta disponibilidade, quanta verdade, que coisa bonita. Eu e Mio não queríamos mais sair. E não precisávamos falar nada... Começávamos a dançar para completar jogo da Mamãe Noel e o pessoal nos quartos morria de rir. Eu e Miojita morríamos de rir. Depois de mais alguns quartos e musicas e danças, beijamos o rosto da senhorinha, a abraçamos, agradecemos a noite de festa e a deixamos descansando no quarto. Fomos para o nosso.
 No caminho uma moça que trabalhava no hospital comentou que naquele dia tínhamos nos divertido muito mais do que “feito graça”... Não deixa de ser verdade, mas incompleta. Naquele dia encontramos uma companheira e ajudamos no jogo dela. Eu e Mio fomos as melhores companheiras do mundo para a senhorinha que conhecemos naquele dia. O encontro foi tão bonito que encontramos o riso. E a felicidade dela foi compartilhada por todos nos outros quartos.
Naquele dia, eu e Mio saímos cansadíssimas do hospital, mas com a jarra transbordando.  


Nenhum comentário:

Postar um comentário